Indispensáveis relações com o povo*
Luciano Siqueira
Natural que se examine o último episódio eleitoral sob múltiplos aspectos, conforme os propósitos de cada corrente política em presença.
O PCdoB o aborda de modo abrangente, partindo do respingo dos resultados
sobre o quadro de correlação de forças no conflito nacional.
Mas igualmente se olha ao espelho, identificando elementos a considerar
na sequência da luta e no permanente esforço de auto-revigoramento
politico-organizativo.
Desde o seu 10⁰ Congresso, os comunistas sublinham que sob condições
adversas no mundo e no Brasil, de prolongado acúmulo de forças tendo em vista a
contraofensiva futura, a atuação partidária na esfera institucional (parlamento
nos três níveis federativos, governos e conselhos setoriais) assume importância
maior do que antes; sem diminuir o empenho militante nas diversas instâncias da
luta social.
Bem sabemos que a busca do voto ocorre sob contingências, regras e
instrumentos institucionais e financeiros absurdamente desiguais, favorecendo
as grandes legendas.
Mais: parcela expressiva do eleitorado de extrato social mais vulnerável
a cada pleito vem se contaminando pela "monetarização" do voto, quase
em relação direta com o enfraquecimento dos sindicatos e demais entidades do
movimento de massas.
Ou seja, fatores que conspiram contra a ação coletiva militante em busca
do que se costuma chamar voto "da consciência e do afeto".
Esse dado das relações com o povo há de ser destaque na avaliação da
campanha em toda parte, onde se obteve êxito e onde não se obteve.
Daí a absoluta necessidade de se retomar a diretriz do revigoramento
partidário, valorizando a luta no campo das ideias, a ação militante coletiva e
a "reinvenção" dos vínculos cotidianos com a classe trabalhadora e o
povo.
*Texto publicada em minha coluna no portal vermelho
www.vermelho.org.br
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