Os êxitos do governo Lula em 2024 e os grandes desafios para 2025
É preciso reforçar o papel da frente ampla, por mais democracia, mais desenvolvimento e por mais direitos, como fator determinante para a governabilidade num cenário de fortes adversidades internas e externas.
Editorial do 'Vermelho'
O segundo ano do governo presidente Luiz Inácio Lula da Silva resume os desafios para a reconstrução do país. As eleições municipais em outubro mostraram a força da direita e da centro-direita e a esquerda em processo de retomada de seu espaço eleitoral nas cidades. A ofensiva da oligarquia financeira, ainda em curso, por juros altos e para abocanhar parcelas crescentes do Orçamento Federal, revela com nitidez quem é o adversário principal da reconstrução do país. A resultante que emerge como diretriz política da metade do mandato do presidente Lula é reforçar o papel da frente ampla, por mais democracia, mais desenvolvimento e por mais direitos, como fator determinante para a governabilidade num cenário de fortes adversidades, internas e externas.
No âmbito internacional, a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos representa o maior obstáculo para a política externa brasileira, evento que projeta aumento da instabilidade e da conturbação internacional, num mundo pontuado por guerras imperialistas. Representa também estímulo à extrema-direita e protecionismos econômicos, conforme prometido por Trump, com sérias consequências para países em desenvolvimento, como o Brasil.
Internamente, o país passou por muitas lutas, o governo empreendeu enormes esforços e obteve êxitos relativos. A proposta de desenvolvimento nacional com geração de emprego, renda e direitos para o povo obteve conquistas como redução significativa do desemprego, da pobreza e da miséria, além do crescimento da economia superior a 3%. Externamente, o país recuperou sua imagem, transformado em pária internacional pelo governo de Jair Bolsonaro.
São resultados que ganham ainda mais relevância quando se leva em conta a situação deixada pelo período pós-golpe, de 2016 a 2022. A mais destacada conquista deste ano é o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que, segundo o Relatório de inflação do Banco Central, deve chegar em 3,5%, resultado da expansão dos programas sociais, da renda e do emprego.
Conta também, os frutos do programa Nova Indústria Brasil (NIB), definido pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. como implementação de “uma indústria inovadora, digitalizada e com alta complexidade”.
A ministra Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – também presidenta do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – informa que foram alocados investimentos em dez programas, decididos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), para fortalecer a ciência brasileira. As ações sincrônicas realizadas MDIC e o MCTI têm se demonstrado estratégicas à reindustrialização do país em novas bases tecnológicas.
No saldo positivo da balança comercial, pesou a abertura de novos mercados no exterior e a atração de investimentos – sobretudo pelo esforço do presidente Lula em visitas oficiais e em reuniões de fóruns multilaterais, como o G20 e o BRICS –, que também contribuíram para o êxito da economia. De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), para 2025 a previsão é de aumento de 5,7% nas exportações na comparação com 2024.
Na política externa, o Brasil também reafirmou sua soberania, demostrando que readquiriu respeito como ator importante, a exemplo do seu papel na presidência do G20, que se encerrou com os êxitos significativos da Cúpula realizada no Rio de Janeiro em novembro. Os acordos entre Brasil e China, assinados pelos presidentes Lula e Xi Jinping, foram mais uma demonstração de avanços. A visita do presidente chinês, a mais importante do atual governo, foi preparada com bastante antecedência e adquiriu status de grande importância pelos dois países, que elevaram suas parcerias a um novo patamar.
Outro momento de altivez do Brasil foi a conduta correta e corajosa do presidente Lula em relação ao que ele classificou como genocídio do Estado de Israel, com apoio do governo dos Estados Unidos, advogando a paz e pedindo cessar-fogo. Também na Cúpula do BRICS, a posição soberana do país esteve presente, com destaque para a criação de alternativas ao dólar nas transações comerciais e nos investimentos.
É preciso ressaltar, entretanto, negativamente, a posição do governo brasileiro em relação à Venezuela, no seu processo eleitoral e na Cúpula do BRICS, como ponto destoante da política externa, posto que se conflitou com uma pilastra da diplomacia brasileira de respeito à autodeterminação dos povos e a soberania dos países.
Os êxitos foram obtidos em duros embates, enfrentando a situação deixada em 2022, com o Estado nacional severamente atacado, um desmonte que chegou à inaceitável “independência” do Banco Central, instrumento de captura do Orçamento Público e da política econômica do país pelo mercado financeiro.
Seu presidente, Roberto Campos Neto, nomeado pelas oligarquias financeiras, atuou o tempo todo para manter sempre os juros nas alturas e fazer pregação, em sintonia com mercado financeiro, da fictícia “crise fiscal” e do falacioso descontrole inflacionário, prática chantagem e sabotagem à política de desenvolvimento nacional com inclusão social. A finalidade era auferir lucros e desestabilizar o governo, abortando o crescimento como condição para debilitar a esquerda nas eleições de 2026.
Com essa prática, o governo teve de engolir um pacote de corte de gastos – em plena convalescência de Lula, após sua cirurgia –, que atinge os trabalhadores e mantém injustiças como supersalários e emendas parlamentares secretas. A ofensiva tende a se acirrar em 2025, com a preferência popular por Lula nas eleições presidenciais de 2026, manifestada na recente pesquisa Genial/Quaest,
São dados que prenunciam grandes embates em 2025, em especial na defesa da democracia. A ofensiva conservadora não vai arrefecer, realidade que exige o fortalecimento da frente ampla, com mais consistência e um núcleo político que espelhe o projeto do governo com influência no Congresso Nacional. Demanda também mais unidade da esquerda e do conjunto das forças progressistas, e ampla mobilização popular, organizada em torno de uma plataforma que contemple direitos e defesa da democracia.
Um dos pontos principais dessa agenda será o desdobramento do inquérito da Polícia Federal, com farta documentação comprobatória sobre crimes do bolsonarismo, presente em todo o seu mandato, que chegou ao barbarismo do planejamento de assassinatos de autoridades, entre elas o presidente Lula. O julgamento da cúpula golpista, encabeçada pelo ex-presidente da extrema-direita, precisa ser rigoroso, com a aplicação das penas previstas no Estado Democrático de Direito.
Outro grande embate se dará no âmbito da economia. O desafio é romper o cerco da oligarquia financeira, que busca aprisionar governo na lógica de permanente corte de gastos e espiral de juros, inviabilizando os investimentos e o crescimento econômico, além de arrochar – e mesmo suprimir – programas sociais, provocando estagnação e, no limite, recessão.
Na prática, o grande confronto de 2026, definidor se o país seguirá avançando ou retroagirá à tragédia da extrema-direita e da direita, já começou e o ano 2025 será decisivo à uma nova vitória das amplas forças sociais, políticas, econômicas e culturais lideradas pelo presidente Lula.
Leia: 'A República no campo de batalha' https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/12/minha-opiniao_72.html
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