Os sapatinhos de Dorothy, de 'O Mágico de Oz', eram 37
Num grande leilão de Hollywood, quanto valerá a calcinha de Sharon Stone em Instinto Selvagem?
Ruy Castro/Folha de S. Paulo
Os sapatinhos de lantejoulas vermelhas usados por Judy Garland no papel de Dorothy no filme "O Mágico de Oz", de 1939, acabam de ser vendidos num leilão em Dallas, Texas, por US$ 28 milhões, ou R$ 168 milhões na cotação de há alguns minutos. Eu me pergunto como será o novo e feliz proprietário dos sapatinhos. O que fará deles? Construirá um nicho na sala, um santuário, para exibi-los? Ou será egoísta e irá guardá-los num armário e nunca os mostrará para ninguém? Ou, se for um fetichista, irá usá-los em casa, sozinho ou para os íntimos? Nesse caso, terá de calçar 37, que era o número de Judy.
Os sapatinhos pertenciam a um particular que, por sua vez, também deve tê-los comprado num leilão, e sabe-se lá quantos proprietários não terão tido desde que a MGM, produtora do filme, começou a se dissolver nos anos 1960. Até então, todos os objetos e adereços de seus filmes mais importantes eram guardados como relíquias dos grandes dias. Mas, desde então, a MGM mudou tanto de mãos —já pertenceu até a um mafioso de Las Vegas— que, hoje, seu patrimônio histórico vive pelo mundo na mão de particulares anônimos, como o que comprou os sapatinhos.
Falando em sapatos e somente em filmes da MGM, onde terá ido parar o par de sapatos marrom claros usados por Gene Kelly na sequência da chuva em "Cantando na Chuva" (1952)? (Tinham de ser bem claros para não sumirem nas poças.) E as sandálias romanas de Marlon Brando como Marco Antônio em "Julio Cesar" (1953)? E os sapatões pretos, grosseiros, que Cyd Charisse, no papel da comissária comunista Ninotchka em "Meias de Seda" (1957), descalça e chuta com desprezo para o lado antes de calçar os sapatos superdelicados que comprou em segredo na butique em Paris? E os sapatos com que Cary Grant escala e quase despenca do monte Rushmore em "Intriga Internacional" (1959), de Hitchcock?
Todos são ou eram objetos reais, dos quais se pode calcular o valor. Mas, sendo o cinema a famosa "usina dos sonhos", por que não leiloar também peças de valor simbólico? Como, por exemplo, a calcinha de Sharon Stone em "Instinto Selvagem" (1992).
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