29 dezembro 2024

Palavra de poeta: António Cícero

Canção da alma caiada
António Cícero  

Aprendi desde criança
que é melhor me calar
e dançar conforme a dança
do que jamais ousar
 
mas às vezes pressinto
que não me enquadro na lei:
minto sobre o que sinto
e esqueço tudo o que sei.
 
Só comigo ouso lutar:
sem me poder vencer,
tento afogar no mar
o fogo em que quero arder.
 
De dia caio minh’alma.
Só à noite caio em mim:
por isso me falta calma
e vivo inquieto assim.

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