Helicóptero visto da minha janela
Luciano Siqueira
Da janela da biblioteca daqui de casa enxergo o helicóptero que sobrevoa o bairro das Graças, em círculos, e depois segue aparentemente rumo ao sul da cidade.
Na minha infância, não víamos helicópteros, víamos aviões em pleno voo
indo ou voltando do Aeroporto de Parnamirim, ao sul de Natal: sempre uma festa
para os meninos entretidos com brincadeiras comuns no quintal da casa.
De alguns anos para cá, o sensacionalismo do noticiário televisivo nos
faz associar helicópteros em bairros de classe media a alguma ação policial no
combate ao crime organizado. Ou tendo como alvo algum meliante de colarinho
branco.
Necessária ou não, a presença de helicóptero em ações da Polícia Federal
dá uma espécie de solenidade ostensiva ou coisa que o valha.
Neste caso, não consigo divisar nenhuma outra movimentação estranha
olhando daqui da janela.
Pode ter sido então um ricaço trafegando pela cidade no seu veículo
aéreo particular.
Mas nunca será estranho, penso cá com meus modestos botões, se aqui na
região onde moro uma operação policial, com todos os traços espetaculares de
agora, tiver como alvo um milionário envolvido em ações impróprias.
Até pouco tempo atrás, um pouquinho adiante das Graças, precisamente na
Jaqueira, se constatava a presença do maior PIB da cidade.
Ou seja, importante concentração de gente muito rica.
E, como se sabe desde que se escreveu a Bíblia Sagrada, a riqueza
exacerbada sempre está vinculada a algum tipo de atividade escusa.
É o que anoto, por enquanto, e retorno à leitura da edição 162 da
revista "Princípios", tendo como tema central "O ISEB e o
desenvolvimento nacional".
Melhor refletir sobre a história e o futuro do país do que me incomodar
com a presença do instigante objeto voador...
Leia sobre a inevitável polarização na sociedade brasileira https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/minha-opiniao_4.html
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