Vejo de relance na timeline do Instagram o anúncio, ou algo parecido,
da "crise dos quarentões".
Como assim?
Mais interessado em postagens da turma amiga, notícias do PCdoB e em
fotografias, não me permiti saber mesmo que "crise" é essa.
Suponho que seja o drama (!?) de quem caminha na quarta década de vida.
Drama?
Sinceramente, estou na sétima década e desconheço essa
modalidade de crise.
Não que simplifique em demasia ou fuja das contingências da vida,
inevitavelmente marcada pela contraditória relação entre o bom e o ruim, entre
o conforto e o desconforto, entre a paz de espírito e a adversidade...
Ao contrário, crises são meu objeto de estudo e de trabalho ao longo da
vida militante de quase seis décadas.
A crise da sociedade humana, seus males e as possibilidades de um
passo adiante na superação.
A História nasce e renasce a cada crise, contradições que se agudizam e
se tornam inconciliáveis são parteiras de um novo ciclo.
Daí o empenho da classe dominante em preservar a hegemonia na sociedade
— sobretudo na esfera cultural e ideológica justamente para impedir o levante dos
oprimidos e preservar a ordem vigente.
As transformações revolucionárias repelem relações econômicas e sociais
caducas e promovem a hegemonia do novo mediante conflitos de variadas dimensões, incluindo a opção de vida de quem abraça a causa.
Daí a falta de espaço espiritual para se enganchar em pequenos dramas
que, em última instância, se dão na limitada arena das pretensões meramente
individuais.
Quando se funde o próprio destino ao destino do povo, as tais crises
existenciais — imagino que a "dos quarentões" seja uma delas — não
encontram espaço na espiritualidade militante.
Então, para você que teve a paciência de me ler até aqui, apoio-me no poeta
Drummond e "desejo todas as cores desta vida,/todas as alegrias que puder
sorrir,/todas as músicas que puder emocionar."
[Se comentar, identifique-se]
Convergência
necessária e possível https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/minha-opiniao_15.html