13 julho 2006

O pardal gosta de poesia


Breve parada de fim de tarde, interregno na atribulada agenda. Melhor não pensar no que há para fazer daqui a pouco mais de uma hora. E deixar que os versos de Drummond fluam como um afago de brisa:

Gastei uma hora pensando em um verso

que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

Epa! Você aqui novamente, pardal. Que bela surpresa! Você gosta de poesia, danadinho. Outro dia apareceu na horinha exata em que folheava Vinícius. Hoje é Drummond. Se você está habituado a visitar essa janela do escritório daqui de casa, curioso de ver o que se pensa, o que se escreve e o que se passa, deve estranhar o silêncio do apartamento habitado por duas criaturas envolvidas diuturnamente com a luta do povo. Nossos horários não batem com o seu, é uma pena. Vamos dar um jeito de escapar de vez em quando, como hoje, quando a tarde vai findando. É a sua hora preferida? Quem sabe possamos nos tornar bons amigos.

Um comentário:

Anônimo disse...

A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá, mas não pode medir seus encantos.
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força existem nos encantos de um sabiá.
Quem acumula muitas informações perde o cordão de adivinhar: divinare. Os sabiás divinam! Beijos...