26 setembro 2006

Teorias tentam explicar fenômeno

Em entrevista concedida à revista Caros Amigos, o jornalista Franklin Martins, ex-comentarista político da TV Globo e atual contratado da TV Bandeirantes, tenta explicar a perda de influência da mídia usando a teoria da “pedra no lago”. A opinião deste grupo de jornalistas irradiaria para o conjunto da população a visão das pessoas sobre os fatos. Para Martins, os primeiros anéis da onda, para usar a referência da imagem, deixaram de ser as classes ricas e médias e passaram a ser as classes C e D, mais diretamente afetadas pelas políticas governamentais e pela redução da miséria e da pobreza. No raciocínio do jornalista, não só houve um deslocamento como o voto das classes mais pobres passou a influenciar o da classe média, fazendo referência ao crescimento da candidatura Lula entre este segmento. Para Venício Lima, o mais correto seria usar a ‘teoria do espelho’, na qual os colunistas da grande mídia viam tamanha identificação entre o que escrevem e o que ‘opinião pública’ pensa que imaginavam serem suas análises e linha editorial apenas reflexos da posição da população.

Lima avalia o quadro atual, no entanto, com outro referencial: a ‘teoria da cascata’, do intelectual italiano Giovanni Sartori. Segundo ela, há um processo de irradiação das idéias das elites econômicas e políticas, além da mídia, para o conjunto da população. Mas a medida em que a ‘água’ desce, ela é ‘contaminada’ pelos variados níveis da cascata, numa nova referência visual para explicar o fato de que a população interpreta as idéias dominantes de acordo com os seus valores. A teoria ajudaria a explicar como as condições da população teriam papel importante na formação da opinião, mas para Venício Lima o fenômeno da candidatura Lula é algo “novo, ainda a ser melhor compreendido e explicado”.

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