29 janeiro 2007

Bienal da UNE: cultura afro-brasileira em debate


Na Carta Maior: Desde sábado (27), a cidade do Rio de Janeiro tornou-se o palco da 5ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Este festival estudantil – o maior da América Latina – reúne mais de 10 mil jovens para refletir sobre a influência africana na formação cultural brasileira, com o tema “Brasil-África: um Rio chamado Atlântico”. A Bienal durará uma semana, com encerramento previsto para 02 de fevereiro.

Sobre o tema, o coordenador-geral da Bienal, Tiago Alves, avalia que as raízes africanas talvez sejam as mais fortes na formação de nosso povo. “A influência entre os países é recíproca, então é preciso refletir sobre como o Brasil afetou e afeta a vida dos povos africanos e afrodescendentes”, diz. Ele se mostra preocupado em olhar para o presente no que diz respeito ao movimento negro, e não apenas para o passado. Por isso sugere alternativas para a interação cultural entre o Brasil e a África. “Por que não criar um espaço de circulação cultural entre os países do terceiro mundo, que não tenha interferência européia?”, questiona.

Para Alves, existe uma visão preconceituosa sobre a África, que prevalece nos meios intelectuais, inclusive na universidade. “Há uma visão folclórica do continente africano, como um lugar exótico. Poucos questionam quais os problemas dos jovens de lá, se eles são os mesmos problemas dos brasileiros. Por que não pensar em soluções compartilhadas?”.As Bienais têm papel relevante na retomada das atividades artístico-culturais da UNE, que durante o regime militar foram sufocadas. “O Centro Popular de Cultura (CPC), por exemplo, foi uma referência na vida artística estudantil durante os anos 60”, afirma o presidente da UNE, Gustavo Petta. Ele explica que, em 1999, o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) organizou a primeira Bienal da UNE, em Salvador. A partir da terceira, realizada em Olinda, o tema da cultura popular ganhou relevância. “Na quarta Bienal, em São Paulo, exploramos a identificação com a América Latina”, lembra Petta.

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