30 janeiro 2007

O elogio de Aldo ao PT e a homenagem do PT ao PSB e ao PCdoB

No Blog do Alon: Assisti pela tevê ao debate entre os candidatos à presidência da Câmara dos Deputados (foto). Uma coisa boa é que doravante será difícil deixar de haver debate quando houver eleição para presidente da Câmara dos Deputados. A democracia é assim: os hábitos surgem do nada e acabam se arraigando. O debate foi duro, como convém a contendas entre adversários. Foi curioso ver aliados de ontem se engalfinhando e adversários de ontem de mãos dadas. É a política. O PT parece ter se magoado com a fala final do presidente da Câmara, que advertiu contra uma possível concentração de poder nas mãos do PT. Eu não veria essa afirmação de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) como uma crítica. Do ângulo da ciência política, chega a ser um elogio. Partidos existem para lutar pelo poder. Quanto mais, melhor. Por isso é que o pluralismo partidário é insubstituível na democracia: o apetite de um partido é controlado pelo apetite dos demais. Eu não conheço mecanismo mais eficaz para defender a liberdade. Você conhece? Eu proponho que esse debate seja feito objetivamente. Por exemplo, se o sujeito acha que só o PT é quem pode fazer as reformas necessárias para levar o Brasil a crescer e distribuir renda, é compreensível que essa pessoa lute para o PT ocupar cada vez mais espaços, ainda que à custa de posições hoje ocupadas por aliados. Se o indivíduo está convencido de que o PT é a única corrente política genuinamente comprometida com a luta dos trabalhadores e com as aspirações dos pobres por justiça social, tem mais é que ajudar a remover todo e qualquer obstáculo ao poder do PT. Aliás, não há novidade nesse enredo. O PT age agora em relação ao PCdoB e ao PSB como sempre agiu em relação a aliados com projetos próprios de poder. O PT foi implacável com o PMDB até subjugá-lo. Deu certo. Hoje, as facções peemedebistas rivalizam nas mesuras dirigidas ao PT. Até o PSDB já dá sinais de ceder diante do mix de dureza e ternura dos petistas. Pensando bem, ao desencadear a operação Delenda Aldo, o PT-governo presta uma homenagem à aliança PSB-PCdoB. Reconhece a ambos não como aliados menores, mas como concorrentes. Não existe reverência maior na política. É preciso saber, porém, se socialistas e comunistas estarão à altura da honraria.

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