14 abril 2010

Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Foco diversionista na sucessão presidencial

Luciano Siqueira


Campanha mesmo só em julho, após a homologação das candidaturas pela Justiça Eleitoral. Certo ou errado? Errado, claro. Nas diversas mídias a campanha corre solta há meses. Com enorme assimetria em favor do candidato do PSDB, José Serra, contemplado com profusão de notícias de sentido positivo e artigos e comentários de colunistas e quejandos idem. À candidata Dilma se destina uma carga de diatribes sem limites.

Tudo bem, sejamos realistas. Assim acontece porque são candidaturas diametralmente opostas no que tange a interesses econômicos e sociais que representam. E porque não há nem normas que assegurem um tratamento democrático e equilibrado do tema, dando-se ao leitor, ouvinte de rádio, telespectador e internauta o direito a uma informação abrangente e minimamente esclarecedora. Também falta aos grandes órgãos de comunicação e aos tantos outros que os seguem em cada província desse imenso Brasil o cuidado com a credibilidade.

Mas uma pergunta se faz necessária: por que não se noticiam nem se comentam as propostas programáticas dos litigantes? Por que o candidato preferido ainda não tem programa? Pode ser, ainda que de certa forma o tenha insinuado.

De algumas formas, digo. Seja através do presidente de honra do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que recorrentemente chama para si o debate comparativo entre o governo que fez e o de Lula (contrariando o desejo do candidato do seu partido, que disso foge como o caloteiro foge do cobrador), seja mesmo no discurso do próprio Serra, sábado último, em Brasília, quando do lançamento oficial do seu nome pelos tucanos. Algo ainda rascunhado, porém suficientemente revelador do dilema de combater as políticas antineoliberais praticadas por Lula e reafirmadas na pregação da ex-ministra Dilma ou de se apresentar com uma artificiosa pretensão de “pós-Lula”.

Dilma, por seu turno, desde o Encontro Nacional do PT que confirmou a sua pré-candidatura e nas discussões que vem mantendo com o PCdoB e partido aliados, cujo teor tem vindo à tona, aponta para a continuidade dos rumos atuais acrescida de novos avanços sob a inspiração de um novo projeto nacional de desenvolvimento.

Ora, se intenção houvesse de esclarecer a população essas indicações programáticas estariam no centro da cobertura jornalística, ao invés do aberto diversionismo imperante. Às propostas dos candidatos para o País, nada; aos atributos e temperamento pessoais, fofocas e interpretação distorcida de declarações (de Dilma especialmente), tudo. Em detrimento do principal interessado, o eleitor, e do desejado aprimoramento do processo democrático.

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