Dilma e o fator PCdoB
Luciano Siqueira
Numa fase pré-eleitoral, Miguel Arraes preparava-se para disputar pela terceira vez as eleições para o governo de Pernambuco – que venceria – e insistiu para que eu presenciasse um encontro que teria com a direção estadual do PT, na ocasião representada pelo então deputado estadual João Paulo e mais doze militantes. A conversa girou em torno de critérios para a composição da chapa majoritária, o PT manifestando o desejo de indicar um dos seus quadros para o cargo de vice-governador.
Com a habilidade que sempre o caracterizou, Arraes a certa altura fez referência a um general argelino que lhe teria dito que o maior desafio na guerra de libertação tinha sido administrar os apoios. – Quando recebemos novas forças aderentes, temos que lhes oferecer orientação, treinamento, vestimenta, armas, alojamento e alimentação, teria dito o citado general. E completara: - Mas nem sempre os novos apoiadores sabem lutar como a gente, e aí surgem problemas.
O governador descartava, assim, o pleito dos petistas com uma argumentação destinada ao bom entendedor. O PT, naquele pleito, não teve participação na chapa majoritária.
Mutatis mutandis, a ministra Dilma recebe hoje, em ato público em Brasília, o apoio político do PCdoB - corrente política que desde a primeira tentativa de Lula chegar à presidência da República, em 1989, tem marchado ao lado PT com base na convergência de idéias e propósitos.
Para usar a figura do general argelino, o PCdoB é uma força cujas intenções e métodos são conhecidos, respeitados e comprovadamente benéficos à coalizão governista. Já se encontra devidamente preparado para a guerra. Apóia Dilma para fazer o Brasil avançar.
Como se sabe, outubro não será uma batalha fácil. O pleito é decisivo para a continuidade do processo de mudanças em curso no País em contraposição à ameaça de um retrocesso de graves consequências, encarnado pela candidatura do ex-governador de São Paulo, José Serra.
Além de uma plataforma clara, cabe unir forças políticas sociais as mais amplas possíveis tendo em vista assegurar a maioria eleitoral – contando inclusive com o apoio de alguns com os quais não há identidade política tão nítida. Plataforma inspirada num novo projeto nacional de desenvolvimento e amplitude frentista são dois elementos que se completam e necessariamente não se opõem, desde que se tenha como mote as proposições mais avançadas e como método conduta tática hábil e firme. Nisso o PCdoB tem experiência de sobra, o que lhe confere sempre, nas alianças políticas, papel dinâmico destacado.
No dizer do presidente nacional do Partido, Rebato Rabelo, de que “o diálogo positivo com Dilma, suas qualidades políticas e o caráter plebiscitário do pleito, possibilitaram ao PCdoB amadurecer a convicção de que ela está credenciada para disputar, vencer e governar com pleno êxito”. É o que se confirma no ato de hoje.
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