29 dezembro 2011

O anticomunismo raivoso da Folha de S.Paulo

Folha de S. Paulo se esmera em ironias contra o PCdoB
Por Renato Rabelo, em seu blog

A magra edição de hoje (28) do jornal paulista Folha de S. Paulo dedica um de seus principais editoriais a um exercício de provocações e ironias pobres. Talvez por falta do que dizer – nestes dias de comemorações e festas de final de ano -- seus editores resolveram atacar o PCdoB tendo como mote o falecimento, na semana passada, do líder da República Popular Democrática da Coreia, Kim Jong il.

Seus leitores mais atentos deverão, a esta altura do campeonato, se perguntar como pode um país – cercado desde a década de 1950 pelo maior exército do planeta (as Forças Armadas dos EUA atualmente acantonadas na Coreia do Sul possuem uma base com mais de 30 mil homens, armados com mísseis balísticos nucleares) – resistir a todo tipo de provocações e ações de contra-insurgência? Os fatos, entretanto, estão gravados na história dos povos daquela região da Ásia. Antes dos colonialistas japoneses empreenderem a dominação da península coreana, em 1905, mais exatamente em 1866, um navio pirata norte-americano, o “Sherman”, tentou tomar posse de Pyongyang, mas acabou afundado. Dois anos depois, em 1868, o “Shenandoah”, equipado com canhões, também procurou causar dano àquela cidade e foi rechaçado pelas defesas coreanas que o perseguiram pelo rio Taedong.

No início do século 20, entretanto, o império japonês invadiu a Coreia e dominou o país. Mais de seis milhões de jovens e homens de meia-idade foram obrigados a trabalhos forçados, sendo que um milhão acabou morrendo. Cerca de 200 mil mulheres coreanas foram feitas escravas sexuais dos militares japoneses. Somente em 15 de agosto de 1945 termina a guerra de libertação da pátria coreana. A República Popular e Democrática da Coreia foi proclamada em 1948, um ano antes da República Popular da China. Foi, então, que os setores mais reacionários dos EUA resolveram invadir a península coreana e interferir nos assuntos internos daquele país.

Com a deflagração da Guerra da Coreia, os norte-americanos, sob o comando do general MacArthur, arrasaram Pyongyang em três anos de duros combates. A capital sofreu 1.431 ataques aéreos, quando 428 mil e 700 bombas desabaram sobre seus defensores, o que significou mais de uma bomba para cada habitante. O Exército estadunidense acabou derrotado no campo de batalha e teve que recuar além da linha do Paralelo 38 N. Três milhões e meio de pessoas foram mortas nesta guerra. Os norte-coreanos, por sua vez, contaram nestas batalhas com a ajuda decisiva de 600 mil voluntários do Exército chinês e também com o apoio de vários outros países progressistas e socialistas daquela época, inclusive do movimento contra a Guerra da Coreia e pela paz realizado no Brasil. Por sua incúria guerreira, o general MacArhur foi demitido de suas funções, substituido pelo general Ridgway e os EUA foram obrigados a assinar um armistício.

Hoje, Pyongyang é uma cidade única no mundo, majestosa, com grandes avenidas arborizadas, pontuada por museus e coberta por uma rede moderna de metrô e ônibus elétricos. A atividade cultural, artística e esportiva é intensa. E, mais importante, a Coreia do Norte tem um projeto nacional que colocou em prática, com suas características próprias. Construiu uma indústria pesada e desenvolveu sua defesa nacional, chegando a montar mísseis balísticos nucleares de longo alcance. Não fosse este aparato e o poderoso Exército certamente seu destino teria sido outro, parecido com o imposto pelos EUA ao Iraque, ao Afeganistão e – mais recentemente – à Líbia.

Ao contrário do que sugere a Folha, na última reunião do Comitê Central do PCdoB procuramos fazer uma avaliação da nova situação mundial com o desenvolvimento da terceira grande crise sistêmica do capitalismo e consideramos como positivo, em suas linhas gerais, o ciclo político aberto com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e continuado com a eleição de Dilma Rousseff, em 2010. Duas tarefas principais se colocam agora diante do povo brasileiro: avançar na defesa da economia do país para o enfrentamento da crise externa e o fortalecimento do mercado interno brasileiro, e lutar para que nosso povo tenha o direito a exprimir seu pensamento de forma democrática contra o monopólio exclusivo da mídia, capitaneada – entre outros órgãos – por esta mesma Folha de S. Paulo que nos ataca impunemente. Esta grande mídia, reacionária e conservadora, vem escolhendo o PCdoB como alvo de ataque, demonstrando com isso que este Partido a incomoda. Porém, como sempre, sem podermos ter o direito de defesa.

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