Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho
www.vermelho.org.br
Em recente entrevista, o presidente nacional do PT, deputado
Rui Falcão, admitiu que a presidenta Dilma, se candidata à reeleição, poderá
frequentar quatro palanques distintos no Rio de Janeiro, liderados por
postulantes ao governo do estado filiados a partidos que integram a coalizão
nacional governista.
À primeira vista, a hipótese pode parecer estranha. Mas não
é. Não na realidade de um país como o nosso, imenso, marcado por múltiplas
diversidades regionais e operante de um sistema eleitoral e partidário que
comporta assimetrias entre alianças nacionais e locais. Os mais de trinta
partidos legalmente estabelecidos, em sua quase totalidade, refletem a miríade
econômica, social, cultural e política que formam o somatório de regiões e
localidades, sendo eles próprios uma espécie de mosaicos de interesses e
projetos políticos locais.
Além disso, a legislação eleitoral não impõe a
verticalização das alianças. Partidos que se coligam em torno de uma
candidatura presidencial podem perfeitamente marchar separados e em coligações
locais opostas, em função de candidaturas a governador.
Essa feição furta-cor da política brasileira reforça a
assertiva de que “o Brasil não é para principiantes”. A política, muito menos.
E reclama uma leitura a um só tempo acurada e flexível de cada situação
concreta.
Inclusive e principalmente a um partido como PCdoB, que tem
rumo e lado, move-se inspirado numa linha estratégica e tática definida e mira
a transformação social para além do horizonte eleitoral imediato.
O caso do Rio de Janeiro certamente não será único. Em
vários estados, candidatos a presidente poderão subir em mais de um palanque,
sem que isso lhe afete a coerência ou nitidez programática.
De outra parte, arranjos locais diversos poderão ser
celebrados em decorrência de apoios múltiplos à candidatura a governador.
Nesse emaranhado, perde-se que se deixa abater pelo
esquematismo conflitante com a realidade concreta – sob risco de isolamento ou
em prejuízo dos seus interesses próprios.
A eleição de bancadas de deputados federais, por exemplo, emerge como
objetivo destacado de cada agremiação partidária, tendo em vista a
possibilidade de influenciar o curso dos acontecimentos no Congresso Nacional e
– importa sublinhar – a contagem do tempo de TV e rádio nos embates futuros, a
partir mesmo da disputa de prefeituras em 2016.
O PCdoB se situa nesse cenário com a segurança que lhe
conferem a fidelidade à sua linha
política geral e a infinita capacidade de abordar habilmente os problemas
táticos que o pleito coloque em cada estado. Sem prejuízo da luta central em
favor da continuidade do ciclo de transformações ora em curso no País, do qual os
comunistas são partícipes ativos e influentes há mais de uma década.
Nenhum comentário:
Postar um comentário