Jogo duro na prática e no discurso
Luciano Siqueira
Num país como o nosso, de tamanha dimensão e complexidade, mudanças estruturais não se operam facilmente – sobretudo quando envolvem redistribuição de riqueza e renda. Sempre se deram através de processo cumulativo, lento, sujeito a avanços e a retrocessos, mediado pela correlação de forças na sociedade e no Parlamento. Daí entre a intenção e o resultado vai uma acidentada distância, que para ser encurtada exige clareza de propósitos, habilidade e um fator ainda limitado na atual quadra de transformações desencadeada em 2003: um movimento social forte, focado nas grandes questões nodais que dão conteúdo e forma às mudanças.
Por aí é que se entende que, ao lado de inquestionáveis conquistas alcançadas nos últimos onze anos – com destaque para a retomada do crescimento econômico com inclusão social produtiva e para a afirmação do Brasil no concerto internacional -, permaneçamos convivendo com grandes desigualdades sociais.
A superação das desigualdades – que, note-se, têm sido atenuadas em certa medida – depende da natureza e da intensidade do desenvolvimento econômico. Pouco a pouco fomos rompendo com o circuito estéril da financeirização, sob a ditadura do “mercado”, que ganhou dimensão extrema na chamada Era FHC, mas sempre sob a pressão negativa dos condicionantes macroeconômicos persistentes. Assim, numa combinação deletéria de pressões externas negativas, advindas da crise global, inclusive inibindo nossa pauta de exportações; e os obstáculos dos juros altos, câmbio restritivo da competitividade de nossa indústria e metas inflacionárias artificialmente impostas, o Brasil cresce a metade do desejável, nas circunstâncias atuais, que seria de pelo menos 5% ao ano.
E poderia crescer mais? Até que poderia, se o nível de investimento produtivo privado não sofresse o impacto das eleições gerais deste ano e, em certa medida, não se convertesse, como acontece, em instrumento de pressão política. Mas cresceria sim, muito mais, sem os empecilhos macroeconômicos.
Ocorre que nos EUA e países centrais da Europa, onde a crise se arrasta sem solução, a oligarquia financeira, que permaneceu no comando, agiu no sentido de transferir os ônus da débâcle econômica para os trabalhadores e os segmentos produtivos da economia. Vive neste instante situação de significativa liquidez e se volta para os países emergentes como alternativa de investimentos – o Brasil inclusive. Mas pressiona no sentido de obter “garantias” para tais investimentos, precisamente o retorno ao figurino neoliberal. E o faz em conexão com as forças de oposição ao atual governo e com apoio espalhafatoso da grande mídia conservadora.
Basta prestar atenção à cantilena cotidiana de “analistas” econômicos e próceres tucanos, o senador Aécio principalmente, e anotar a insistência na suposta necessidade de controle fiscal rigoroso – cortes nos gastos com políticas de redistribuição de renda especialmente – e regras ultra flexíveis para os capitais especulativos. Ou seja, quem não quer mudar, ou deseja a mudança em favor da elite, luta contra o crescimento e denuncia o PIB baixo como se nada tivesse a ver com isso! É o jogo de interesses poderosos versus a Nação e o povo brasileiro, que agora se traduz de modo concentrado na eleição presidencial. (Publicado no Blog de Jamildo, Jornal do Commercio Online)
Num país como o nosso, de tamanha dimensão e complexidade, mudanças estruturais não se operam facilmente – sobretudo quando envolvem redistribuição de riqueza e renda. Sempre se deram através de processo cumulativo, lento, sujeito a avanços e a retrocessos, mediado pela correlação de forças na sociedade e no Parlamento. Daí entre a intenção e o resultado vai uma acidentada distância, que para ser encurtada exige clareza de propósitos, habilidade e um fator ainda limitado na atual quadra de transformações desencadeada em 2003: um movimento social forte, focado nas grandes questões nodais que dão conteúdo e forma às mudanças.
Por aí é que se entende que, ao lado de inquestionáveis conquistas alcançadas nos últimos onze anos – com destaque para a retomada do crescimento econômico com inclusão social produtiva e para a afirmação do Brasil no concerto internacional -, permaneçamos convivendo com grandes desigualdades sociais.
A superação das desigualdades – que, note-se, têm sido atenuadas em certa medida – depende da natureza e da intensidade do desenvolvimento econômico. Pouco a pouco fomos rompendo com o circuito estéril da financeirização, sob a ditadura do “mercado”, que ganhou dimensão extrema na chamada Era FHC, mas sempre sob a pressão negativa dos condicionantes macroeconômicos persistentes. Assim, numa combinação deletéria de pressões externas negativas, advindas da crise global, inclusive inibindo nossa pauta de exportações; e os obstáculos dos juros altos, câmbio restritivo da competitividade de nossa indústria e metas inflacionárias artificialmente impostas, o Brasil cresce a metade do desejável, nas circunstâncias atuais, que seria de pelo menos 5% ao ano.
E poderia crescer mais? Até que poderia, se o nível de investimento produtivo privado não sofresse o impacto das eleições gerais deste ano e, em certa medida, não se convertesse, como acontece, em instrumento de pressão política. Mas cresceria sim, muito mais, sem os empecilhos macroeconômicos.
Ocorre que nos EUA e países centrais da Europa, onde a crise se arrasta sem solução, a oligarquia financeira, que permaneceu no comando, agiu no sentido de transferir os ônus da débâcle econômica para os trabalhadores e os segmentos produtivos da economia. Vive neste instante situação de significativa liquidez e se volta para os países emergentes como alternativa de investimentos – o Brasil inclusive. Mas pressiona no sentido de obter “garantias” para tais investimentos, precisamente o retorno ao figurino neoliberal. E o faz em conexão com as forças de oposição ao atual governo e com apoio espalhafatoso da grande mídia conservadora.
Basta prestar atenção à cantilena cotidiana de “analistas” econômicos e próceres tucanos, o senador Aécio principalmente, e anotar a insistência na suposta necessidade de controle fiscal rigoroso – cortes nos gastos com políticas de redistribuição de renda especialmente – e regras ultra flexíveis para os capitais especulativos. Ou seja, quem não quer mudar, ou deseja a mudança em favor da elite, luta contra o crescimento e denuncia o PIB baixo como se nada tivesse a ver com isso! É o jogo de interesses poderosos versus a Nação e o povo brasileiro, que agora se traduz de modo concentrado na eleição presidencial. (Publicado no Blog de Jamildo, Jornal do Commercio Online)
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