24 abril 2014

O voto e o acúmulo de forças

Direções municipais para além do improviso

Luciano Siqueira
No âmbito dos partidos políticos, tudo ou quase tudo agora gira em torno das eleições gerais de outubro. Cada um encara a empreitada a seu modo, tendo como objeto de desejo o voto. Com o PCdoB isto também ocorre, tamanha a importância do pleito no atual estágio da luta política no Brasil.
Disso se ocupou o 8° Encontro Nacional sobre Questões de Partido, realizado recentemente, dando especial relevo - ao lado de outras diretrizes igualmente importantes – à tarefa de construir, nas capitais e grandes cidades, em parcelas expressivas da população, a noção de pertencimento a uma corrente política identificada com suas necessidades e anseios. Nada a ver com “currais” alimentados pelo clientelismo e pelo uso desbragado do poder econômico. Tudo a ver com a elevação da consciência política e da fidelidade eleitoral, em áreas ou segmentos (“redutos”) de atuação permanente.
Não é tarefa simples. Requer rede de Organizações de Base, articulada mensalmente através do Fórum de Quadros de Base, e um comando bem orientado, coeso, respeitado e ágil: o Comitê Municipal. 
Claro que a vitória eleitoral é o objetivo imediato, irrecusável; recebe aqui todos os grifos; sobre o que não cabem dúvidas e não se pode perder o foco. Mas na campanha, o PCdoB agrega à conquista do voto outras intenções relativas à própria construção do Partido como força política autônoma, guiada por seu Programa e por uma linha organizativa que projetam, em cada embate, propósitos de natureza estratégica. Em outras palavras: o PCdoB busca o êxito eleitoral de agora como parte do acúmulo de forças em função de seus objetivos programáticos.
Assim, o Comitê Municipal é chamado a superar os limites do imediatismo estéril e do improviso inconsequente.
Isto quer dizer formatar o plano de campanha, acompanhar a sua execução e avaliar resultados em cada fase. Estipular metas de votos e de novas filiações; capacitar militantes (via Curso do Programa Socialista) e inseri-los plenamente na vida do povo – com um olhar em outubro e o outro no pós-eleitoral, quando prosseguirá a luta pela hegemonia em cada lugar.
Daí a necessidade de examinar a situação concreta com objetividade e critério. Identificar as demais correntes em presença; a dimensão das candidaturas concorrentes e adversárias; as reivindicações mais salientes das parcelas ativas da população; as questões polêmicas que influenciam o comportamento dos eleitores; a abrangência e o poder de mobilização das entidades de massas existentes - corporativas, comunitárias, estudantis, esportivas, culturais e recreativas -; a capacidade aglutinadora de igrejas e sua inclinação política. Enfim, fatores favoráveis ou ameaças que desenham a correlação de forças em que se trava a batalha eleitoral.
Conforme a situação, adotar orientação tática – em sintonia com a disputa presidencial e estadual -, de modo a explorar o diferencial dos candidatos comunistas, demarcar campos com a direita e conquistar todo apoio possível.
O Comitê Municipal, desse modo, ganhará maturidade e musculatura, capacitando-se a abordar a peleja eleitoral - articulada com os movimentos sociais e a luta no terreno das ideias – em nível elevado. (Publicado no Vermelho e no Portal de Organização).

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