Há algo de podre nesse sistema financieiro
Sybelle Chagas*
Foi dada largada a mais um anúncio de lucratividade dos Bancos. O Bradesco puxou a fila, em três meses, lucrou R$ 3,4 bilhões!!! E o mais grave: esse lucro foi 18% superior que o mesmo período do ano passado. Ou seja, R$ 612 milhões a mais. Considerando que a atividade bancária não produz riqueza, só consigo pensar que esse é um gigantesco arcabouço, imposto pelo Sistema Financeiro Brasileiro, de concentração de renda.
Deixa eu começar do começo. O Plano Real foi construído sobre um populismo cambial, com a lógica neoliberal e estabelecendo um acordo com o Sistema Financeiro que, como ganhava muito com o overnight, construiu um novo modelo no qual permanecesse lucrando, agora com os títulos públicos federais.Na crise de 1999, estabeleceu-se o tripé econômico de câmbio flutuante, com livre fluxo de capitais, metas de inflação e superávit primário. Como isso fazia parte do acordo, virou dogma para as correntes econômicas majoritárias. E para esse sistema funcionar é preciso garantir a atração de capital internacional (livre fluxo de capitais) e a remuneração alta (juros altos), oferecer uma boa garantia (superávit primário) e manter a inflação sob controle (importação de produtos com o câmbio valorizado).
Não é à toa que quando sentem que qualquer desses pilares será abalado, o sistema joga pesado para mantê-lo. Foi o que aconteceu no Governo Dilma, quando a pauta para a mudança dessa situação foi aumentando. Chegamos ao patamar histórico de uma SELIC meta de 7,5%, houve uma grande investida para desvalorização do câmbio, quando US$ 1,00 chegou a R$ 2,50, e muitos incentivos para a retomada do crescimento econômico brasileiro, como o Plano Brasil Maior, o PAC 2 e alterações nos valores da energia elétrica para o Sistema Produtivo.
Mas, obviamente, o Sistema Financeiro não assistiu isso parado. Foi dado início a uma investida midiática de pressão inflacionária e recessão econômica, mesmo com os dados mostrando uma realidade diversa da propagada. Isso, somado aos efeitos da crise internacional que foram aumentando na economia brasileira, resultaram na retomada da elevação da SELIC, atualmente em 11%.
Os efeitos dessa elevação são ainda mais nocivos para o país. O custo do serviço da dívida para o Brasil chega a absurdos 44% do Orçamento da União de 2014, R$ 1,002 trilhão. Cerca de 90% dos títulos públicos estão na mão dos 6 maiores bancos brasileiros. Não é à toa que os lucros são recordes, além de explorar os clientes com spreads injustificáveis, os bancos sugam quase metade da arrecadação tributária.
Outro problema gravíssimo é que a taxa SELIC alta tem reflexo direto na taxa de investimento brasileira e no aumento dos preços, em decorrência do efeito do custo de oportunidade do dinheiro para o setor produtivo. Afinal, quem tem dinheiro só aplicará no setor produtivo se a taxa de retorno for superior a 11%, já que, comprando título, você conseguiria o mesmo retorno sem qualquer esforço. Soma-se a isso 20 anos de câmbio valorizado, que ocasionafalta de competitividade de nossa indústria no mercado internacional.
Por isso, precisamos retomar o rumo que leva o nosso país ao desenvolvimento econômico. Com a desvalorização do câmbio, redução dos juros e aumento expressivo das taxas de investimento, aumentando a produção, e dos salários, aumentando o consumo, o que resulta num crescimento sustentável e com inflação controlada pelo aumento da oferta e da demanda, simultaneamente. E, nessa nova realidade, não cabe lucros estratosféricos concentrados em um setor, extorquindo nosso país. Para um Brasil melhor, socialmente justo e desenvolvido, precisamos de menos dinheiro para banqueiro, mais saúde, educação, esporte e cultura para o nosso povo.
Nas eleições de 2014, o Sistema Financeiro irá jogar pesado, mais uma vez, para manter e voltar a aprofundar o seu modelo de lucro, concentrando renda e extorquindo o povo. Por isso, precisamos estar atentos e não deixarmos o neoliberalismo e o retrocesso voltarem. Mais que votar em candidatos comprometidos com a mudança que queremos, pedir votos e elegê-los, garantindo a representação do interesse dos trabalhadores nos espaços de poder no Brasil. Precisamos ainda conquistarmos a quarta vitória das forças populares, com a reeleição de Dilma. Só assim poderemos avançar rumo ao que o Brasil precisa.
*Bancária, membro do Comitê Estadual do PCdoB em Pernambuco
Foi dada largada a mais um anúncio de lucratividade dos Bancos. O Bradesco puxou a fila, em três meses, lucrou R$ 3,4 bilhões!!! E o mais grave: esse lucro foi 18% superior que o mesmo período do ano passado. Ou seja, R$ 612 milhões a mais. Considerando que a atividade bancária não produz riqueza, só consigo pensar que esse é um gigantesco arcabouço, imposto pelo Sistema Financeiro Brasileiro, de concentração de renda.
Deixa eu começar do começo. O Plano Real foi construído sobre um populismo cambial, com a lógica neoliberal e estabelecendo um acordo com o Sistema Financeiro que, como ganhava muito com o overnight, construiu um novo modelo no qual permanecesse lucrando, agora com os títulos públicos federais.Na crise de 1999, estabeleceu-se o tripé econômico de câmbio flutuante, com livre fluxo de capitais, metas de inflação e superávit primário. Como isso fazia parte do acordo, virou dogma para as correntes econômicas majoritárias. E para esse sistema funcionar é preciso garantir a atração de capital internacional (livre fluxo de capitais) e a remuneração alta (juros altos), oferecer uma boa garantia (superávit primário) e manter a inflação sob controle (importação de produtos com o câmbio valorizado).
Não é à toa que quando sentem que qualquer desses pilares será abalado, o sistema joga pesado para mantê-lo. Foi o que aconteceu no Governo Dilma, quando a pauta para a mudança dessa situação foi aumentando. Chegamos ao patamar histórico de uma SELIC meta de 7,5%, houve uma grande investida para desvalorização do câmbio, quando US$ 1,00 chegou a R$ 2,50, e muitos incentivos para a retomada do crescimento econômico brasileiro, como o Plano Brasil Maior, o PAC 2 e alterações nos valores da energia elétrica para o Sistema Produtivo.
Mas, obviamente, o Sistema Financeiro não assistiu isso parado. Foi dado início a uma investida midiática de pressão inflacionária e recessão econômica, mesmo com os dados mostrando uma realidade diversa da propagada. Isso, somado aos efeitos da crise internacional que foram aumentando na economia brasileira, resultaram na retomada da elevação da SELIC, atualmente em 11%.
Os efeitos dessa elevação são ainda mais nocivos para o país. O custo do serviço da dívida para o Brasil chega a absurdos 44% do Orçamento da União de 2014, R$ 1,002 trilhão. Cerca de 90% dos títulos públicos estão na mão dos 6 maiores bancos brasileiros. Não é à toa que os lucros são recordes, além de explorar os clientes com spreads injustificáveis, os bancos sugam quase metade da arrecadação tributária.
Outro problema gravíssimo é que a taxa SELIC alta tem reflexo direto na taxa de investimento brasileira e no aumento dos preços, em decorrência do efeito do custo de oportunidade do dinheiro para o setor produtivo. Afinal, quem tem dinheiro só aplicará no setor produtivo se a taxa de retorno for superior a 11%, já que, comprando título, você conseguiria o mesmo retorno sem qualquer esforço. Soma-se a isso 20 anos de câmbio valorizado, que ocasionafalta de competitividade de nossa indústria no mercado internacional.
Por isso, precisamos retomar o rumo que leva o nosso país ao desenvolvimento econômico. Com a desvalorização do câmbio, redução dos juros e aumento expressivo das taxas de investimento, aumentando a produção, e dos salários, aumentando o consumo, o que resulta num crescimento sustentável e com inflação controlada pelo aumento da oferta e da demanda, simultaneamente. E, nessa nova realidade, não cabe lucros estratosféricos concentrados em um setor, extorquindo nosso país. Para um Brasil melhor, socialmente justo e desenvolvido, precisamos de menos dinheiro para banqueiro, mais saúde, educação, esporte e cultura para o nosso povo.
Nas eleições de 2014, o Sistema Financeiro irá jogar pesado, mais uma vez, para manter e voltar a aprofundar o seu modelo de lucro, concentrando renda e extorquindo o povo. Por isso, precisamos estar atentos e não deixarmos o neoliberalismo e o retrocesso voltarem. Mais que votar em candidatos comprometidos com a mudança que queremos, pedir votos e elegê-los, garantindo a representação do interesse dos trabalhadores nos espaços de poder no Brasil. Precisamos ainda conquistarmos a quarta vitória das forças populares, com a reeleição de Dilma. Só assim poderemos avançar rumo ao que o Brasil precisa.
*Bancária, membro do Comitê Estadual do PCdoB em Pernambuco
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