Ontem e hoje
Eduardo Bomfim, no Vermelho
Carlos Lacerda, orador loquaz, porta-voz emblemático do pensamento conservador brasileiro, conspirador obsessivo contra a legalidade democrática, tinha um mérito, dizia o que achava sem meias palavras.
Carlos Lacerda, orador loquaz, porta-voz emblemático do pensamento conservador brasileiro, conspirador obsessivo contra a legalidade democrática, tinha um mérito, dizia o que achava sem meias palavras.
Promoveu vários movimentos golpistas em sua trajetória política, sendo o principal responsável pela violenta campanha para derrubar Getúlio Vargas e assaltar o poder central, sustado pelo suicídio de Vargas que provocou uma onda de revolta popular que varreu as ruas do País em especial o Rio de Janeiro, então a capital da República.
Durante a campanha de Juscelino Kubistchek à presidência Lacerda afirmou: Juscelino não podia ganhar a eleição, se ganhasse não podia tomar posse, se tomasse posse não se devia deixá-lo governar.
Além disso, foi um dos articuladores centrais da abrangente conspiração civil-militar de empresários, latifundiários, multinacionais, banqueiros, comerciantes, religiosos, intelectuais, grande mídia, associados ao governo norte-americano, à CIA, que deflagrou o golpe de Estado contra o presidente Jango em 1964.
O sonho de Carlos Lacerda em tornar-se presidente da República, através do voto ou das armas, nunca se concretizou. Foi cassado pelo AI5 em 1968 aderindo depois à Frente Ampla Democrática ao lado de Jango e Juscelino morrendo no final da década de 70 assim como os dois ex-presidentes, em situações obscuras, suspeitas, ainda não esclarecidas.
Já o seu discurso antinacional, antipopular continua presente porque, mais que de Lacerda, são fundamentos retrógados de uma parcela das elites íntima dos interesses econômicos, geopolíticos forâneos, especialmente norte-americanos, visceralmente contrários ao desenvolvimento econômico independente, às reformas estruturais, sociais reclamadas como necessidades históricas a um Brasil soberano, próspero e solidário.
Apesar de condições distintas em virtude do processo de concentração, centralização do capital global, do monopólio mundial das comunicações digitais, da grande mídia hegemônica, esses setores hoje “modernizados”, adequados ao século XXI, revelam idênticas motivações ideológicas de antes.
Exigindo do povo brasileiro firme disposição de luta na defesa da soberania nacional, das reformas sociais, legalidade constitucional, democrática, todas sob ameaças na presente conjuntura do País.
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