Não há atalhos ao trabalho coletivo
Luciano Siqueira
Publicado no Vermelho e no Portal de Organização
O tema é recorrente e vem à tona em debates e entrevistas acerca do cinquentenário do golpe militar de 1964. Sempre há alguém indagando sobre a experiência dos jovens resistentes à ditadura, comparando-a com o perfil de líderes e ativistas estudantis de hoje – numa tendência a mistificar a geração de 88 e subestimar a rebeldia e o desprendimento que movem os atuais combatentes.
Ora, apesar de termos a cabeça a prêmio, sobretudo a partir do AI 5, que aniquilou por completo direitos civis e individuais, à época era subjetivamente mais simples decidir de que lado se posicionar, tamanha a iniquidade e a violência do regime. Hoje, cena política complexa e embaralhada, delimitação de campos frequentemente borrada, a juventude cortejada por mil apelos de variados matizes e pelo culto ao individualismo, a escolha é mais difícil.
Melhor não fazer comparações esquemáticas e saudar com entusiasmo os jovens que hoje vão à luta! Dentre esses, tenho especial carinho e admiração pelos meus jovens companheiros de partido – fértil manancial de futuros dirigentes da construção de uma nação renovada, soberana e democrática, na senda do socialismo.
Formar as novas levas de militantes mediante adequada relação entre a teoria e a prática, fundada na busca permanente da unidade de ação, impõe-se como tarefa cotidiana.
Cursos, seminários e oficinas inspirados na grade curricular da Escola Nacional do Partido reforçam essa formação. São indispensáveis. Mas nada substitui o trabalho coletivo - que educa, esclarece, anima o debate de ideias, acolhe discrepâncias e diferenças, cultua valores revolucionários elevados, promove a unidade de pensamento e de ação.
O artigo 17 do Estatuto partidário assinala: “As organizações partidárias em todos os níveis funcionam sob regime de trabalho coletivo e responsabilidade individual de cada um de seus integrantes.” Quanto a isso não há nem pode haver atalhos. Por mais brilhantes e hábeis que sejam alguns quadros, por maior que seja a pressão por decisões imediatas, no calor da luta, reduzir as deliberações a conciliábulos, subestimando a institucionalidade partidária e a participação coletiva, além de prejudicar a eficácia das ações empreendidas, contribui negativamente para a formação de novos quadros. Bons quadros são forjados na experiência de direção coletiva, nos diversos níveis da militância partidária e dos movimentos sociais.
Por que, então, na esfera das direções partidárias, exacerbar o papel do Secretariado, atribuindo-lhe poder decisório que não tem e enfraquecendo a Comissão Política, que tem sim papel executivo? Por que prolongar ad infinitum o debate e as decisões na Comissão Política, adiando a qualquer título as reuniões regulares do pleno do Comitê?
Além de cacoete cupulista, vício presente nos partidos em geral, a subestimação do trabalho coletivo – nos Comitês dirigentes – mina a disciplina, a coesão e a unidade, e deturpa a formação de novos quadros. Ao contrário, a valorização do trabalho coletivo desperta talentos individuais e os plasma sobre a base de princípios e propósitos revolucionários.
Publicado no Vermelho e no Portal de Organização
O tema é recorrente e vem à tona em debates e entrevistas acerca do cinquentenário do golpe militar de 1964. Sempre há alguém indagando sobre a experiência dos jovens resistentes à ditadura, comparando-a com o perfil de líderes e ativistas estudantis de hoje – numa tendência a mistificar a geração de 88 e subestimar a rebeldia e o desprendimento que movem os atuais combatentes.
Ora, apesar de termos a cabeça a prêmio, sobretudo a partir do AI 5, que aniquilou por completo direitos civis e individuais, à época era subjetivamente mais simples decidir de que lado se posicionar, tamanha a iniquidade e a violência do regime. Hoje, cena política complexa e embaralhada, delimitação de campos frequentemente borrada, a juventude cortejada por mil apelos de variados matizes e pelo culto ao individualismo, a escolha é mais difícil.
Melhor não fazer comparações esquemáticas e saudar com entusiasmo os jovens que hoje vão à luta! Dentre esses, tenho especial carinho e admiração pelos meus jovens companheiros de partido – fértil manancial de futuros dirigentes da construção de uma nação renovada, soberana e democrática, na senda do socialismo.
Formar as novas levas de militantes mediante adequada relação entre a teoria e a prática, fundada na busca permanente da unidade de ação, impõe-se como tarefa cotidiana.
Cursos, seminários e oficinas inspirados na grade curricular da Escola Nacional do Partido reforçam essa formação. São indispensáveis. Mas nada substitui o trabalho coletivo - que educa, esclarece, anima o debate de ideias, acolhe discrepâncias e diferenças, cultua valores revolucionários elevados, promove a unidade de pensamento e de ação.
O artigo 17 do Estatuto partidário assinala: “As organizações partidárias em todos os níveis funcionam sob regime de trabalho coletivo e responsabilidade individual de cada um de seus integrantes.” Quanto a isso não há nem pode haver atalhos. Por mais brilhantes e hábeis que sejam alguns quadros, por maior que seja a pressão por decisões imediatas, no calor da luta, reduzir as deliberações a conciliábulos, subestimando a institucionalidade partidária e a participação coletiva, além de prejudicar a eficácia das ações empreendidas, contribui negativamente para a formação de novos quadros. Bons quadros são forjados na experiência de direção coletiva, nos diversos níveis da militância partidária e dos movimentos sociais.
Por que, então, na esfera das direções partidárias, exacerbar o papel do Secretariado, atribuindo-lhe poder decisório que não tem e enfraquecendo a Comissão Política, que tem sim papel executivo? Por que prolongar ad infinitum o debate e as decisões na Comissão Política, adiando a qualquer título as reuniões regulares do pleno do Comitê?
Além de cacoete cupulista, vício presente nos partidos em geral, a subestimação do trabalho coletivo – nos Comitês dirigentes – mina a disciplina, a coesão e a unidade, e deturpa a formação de novos quadros. Ao contrário, a valorização do trabalho coletivo desperta talentos individuais e os plasma sobre a base de princípios e propósitos revolucionários.
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