07 junho 2014

Fator de fomento da economia? Vale o debate

"Verdadeira revolução na oferta do crédito estimula crescimento"

No 43º pleno do CDES, ministro da Fazenda mostrou como o crédito alavanca a economia, desenvolve as empresas e melhora vida dos mais pobres.

Najla Passos, na Carta Capital

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu a importância do crédito para o desenvolvimento nacional, durante o 43º pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), realizado nesta quinta (5), no Palácio do Planalto. Segundo ele, os bons resultados da economia brasileira estão diretamente relacionados à “verdadeira revolução” pela qual passou, nos últimos anos, a oferta de crédito no país.
 
De acordo com o ministro, o Brasil apresentava péssimo histórico de crédito até a década passada: inexistia financiamento de longo prazo, o mercado de capitais era modesto e acanhado e o financiamento era escasso e caro para investimento, habitação, agricultura, consumo e microcrédito. Em 2002, as operações de crédito representavam 26% do Produto Interno Bruto (PIB). Hoje, somam 55,9%.
 
Segundo ele, no período, o mercado de capitais explodiu. “Se criou no Brasil um mercado de capitais, o que é importante para financiar as ações das empresas”, afirmou. Mantega ainda destacou que, mesmo com a crise de 2008, o setor cresceu. “Hoje, há mais de 1 trilhão de ativos na bolsa, contra alguns bilhões dos anos anteriores”, comparou.
 
O ministro ressaltou também que, enquanto entre 1995 e 2002 a média de investimento externo no Brasil era de R$ 20 bilhões por ano, hoje esse valor chega a R$ 65 bilhões. “E continua aumentando. A crise não afetou a entrada de investimento estrangeiro direto e esse patamar se mantém. O Brasil é mantido como destino importante de recursos em todo o mundo”, afirmou.
 
Mantega também avaliou a trajetória da taxa de juros, muito maior no passado, e justificou que as recentes elevações fazem parte da estratégia para combater a inflação. “Estamos com uma taxa de juros reais, que era mais alta no passado, caindo ao longo do tempo. Foi menor antes, mas para combater a inflação tem flutuado”, defendeu. De acordo com ele, a expectativa é que a taxa volte a cair para não inibir a economia.
 
O ministro também ressaltou a importância dos bancos públicos para manter a oferta de crédito mesmo em tempos de crise, quando os privados retraem os investimentos. E demonstrou como o aumento da oferta de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ajudou a alavancar o desenvolvimento do país: em 1995, foram R$ 7,1 bilhões e, hoje, são R$ 190,4 bilhões.
 
Segundo ele, só o Programa de Sustentação de Investimento do BNDES, criado em 1999, aumentou de R$ 18,2 bilhões para R$ 80 bilhões o montante investido para financiar bens e capitais. “O BNDES é responsável por pelo menos 50% do investimento em infraestrutura do país”, destacou. De acordo com os dados divulgados pelo ministro, das 100 maiores empresas brasileiras, 91 receberam financiamento do banco público.
 
 
Mas Mantega mostrou também como a oferta de crédito melhorou a vida dos mais pobres. Segundo ele, só de 2011 até agora, o Programa de Microcrédito distribuiu R$ 14,1 bilhões. As unidades habitacionais financiadas tanto pela Caixa Econômica Federal (CEF) quanto pelo mercado eram 60,2 mil em 1995 e hoje são 1,2 milhão. Só a CEF investe R$ 140,6 bilhões no setor. Outro indicativo é o financiamento à educação. Em 1999, 67,4 mil alunos eram beneficiados. Este ano, só até junho, são 430 mil.  

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