02 agosto 2016

Campanha sob novas condições

Dois fatores da peleja de outubro
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Certa vez, de passagem por Nanterre, perto de Paris, observando a atividade de companheiros do Partido Comunista Francês, percebi o quanto diferente são as campanhas eleitorais na França em relação às que fazemos no Brasil.
Campanhas curtas e quase silenciosas, as deles.
Em contraste com as nossas, barulhentas e festivas.
Talvez a campanha deste ano, em nossas cidades, se pareça com as francesas. 
Por duas razões.
A primeira, o ambiente de descontentamento generalizado em relação a políticos, partidos e à atividade política em geral, fruto dos rumorosos escândalos de corrupção — potencializados pela cobertura sensacionalista dos meios de comunicação — e da profunda crise econômica, política e institucional em curso.
Isto poderá se traduzir em apatia de parcela expressiva do eleitorado.
E talvez na elevação do percentual de abstenções e votos nulos e brancos.
A segunda, as novas condições de financiamento da campanha, que interditando a contribuição empresarial reduzem significativamente a possibilidade de gastos com caros instrumentos artificiosos e midiáticos e com a conhecida “compra” de votos.
Além disso, a campanha na TV — que normalmente estimula o eleitorado — será agora bem mais curta.
Candidatos a prefeito e pretendentes a uma cadeira na Câmara Municipal serão instados ao corpo a corpo com o eleitorado, "como antigamente".
E também a um bom uso das redes sociais.
Ponto para a boa prática militante — no caso das candidaturas a vereador, sugere mais chances para os que têm a quem se dirigir para ouvir e falar. Ou seja, os que dispõem de público alvo determinado.
Talvez diminua muito o peso da gastança com cabos eleitorais e afins.
Prefeitos que se candidatam à reeleição levam vantagem sobre seus oponentes, se realizam gestão bem sucedida.
O mesmo ocorre com candidatos ao Executivo municipal que já acumulam larga história de luta e são conhecidos dos eleitores.
Ruim para os novatos, que terão pouco tempo para se tornarem conhecidos e para sensibilizarem os eleitores.
Bom será se essas novidades contribuírem para a explicitação mais clara de ideias e propostas, ao invés de lances de efeito.
Para a esquerda em geral, que enfrenta uma situação política adversa sob correlação forças desfavorável, poderá ser ajudada pelo fato de que se público básico, mesmo desgastado, tende a participar da campanha e a votar, o que não ocorre na mesma medida com os insatisfeitos de feição conservadora, mais tendentes a se absterem ou a votar nulo ou branco.
São hipóteses, por enquanto, a se confirmarem ou não a partir do dia 16 próximo.

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