Entrevero no aeroporto
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Era antevéspera de Natal. Esperava o vôo das 20,15 horas de
São Paulo para Recife, partindo de Guarulhos. Aeroporto feito um formigueiro de
gente. Bilhete à mão, bagagem despachada com antecedência, melhor seria
aguardar no salão de embarque, tranqüilamente – pois à época, 1997, não havia
ainda o drama dos atrasos como agora.
Mas minha atenção estava presa a um grupo de passageiros que era levado de um lado a outro por uma funcionária da Companhia área, sem que se resolvesse o seu caso.
O grupo ia se tornando barulhento, indignado. E nele se destacava um gaúcho imenso (todos pareciam gaúchos e se dirigiam a Porto Alegre), um metro e noventa e tantos de altura, largo feito uma porta, musculoso, meio sarará, jeitão de boxeador (pelo menos é o que aparentava, pelo modo como se postava, como se estivesse pronto para a briga).
Mas minha atenção estava presa a um grupo de passageiros que era levado de um lado a outro por uma funcionária da Companhia área, sem que se resolvesse o seu caso.
O grupo ia se tornando barulhento, indignado. E nele se destacava um gaúcho imenso (todos pareciam gaúchos e se dirigiam a Porto Alegre), um metro e noventa e tantos de altura, largo feito uma porta, musculoso, meio sarará, jeitão de boxeador (pelo menos é o que aparentava, pelo modo como se postava, como se estivesse pronto para a briga).
É que todos falavam muito, reclamavam da falta de informações claras, enquanto ele apenas rosnava qualquer coisa para a sua acompanhante, uma magricela comprida e muito alva, cabelos lisos desalinhados, esposa talvez, que parecia conformada com a situação.
Mas foi quando o grupo ficou sabendo que não embarcaria naquela noite, teria que esperar o primeiro vôo da manhã seguinte, que o incidente se deu.
O gaucho gigante perdeu a paciência e deu um sacolejo no sujeito de calça escura e camisa branca que saía da sala de atendimento especial da empresa e tacou-lhe um soco na testa com a mão direita aberta, derrubando-o de costas. Só que o agredido não era funcionário da Companhia, era um policial de plantão no Aeroporto, que de pronto deu ordem de prisão ao agressor, aumentando mais ainda a confusão.
“Erro de avaliação, o gigante se precipitou, usou da força bruta sem pesquisar antes a situação”, pensei com a mania militante de avaliar as coisas taticamente, enquanto me afastava de fininho na direção do salão de embarque número 3.
Dez anos após, lembro do caso do gaúcho gigante (é assim que está registrado na memória) quando leio agora que na última véspera de Natal cerca de trinta por cento dos vôos sofreram atrasos de em média duas horas. E que até mesmo a diretora geral da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que prometera normalidade total, foi vítima dos atrasos.
Onde andará o gaúcho gigante? Terá continuado a saga dos vôos constantes, como esse amigo de vocês? Como tem reagido aos contratempos habituais nos aeroportos – com a mesma agressividade de antes? Ou com a paciência dos que sabem que o buraco é bem mais embaixo e não adianta partir para agressão pessoal?
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