21 novembro 2017

Arrogância & presunção

Devagar com o andor que os tempos são outros
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Cá com meus botões e olhar de modesto, porém vivido observador, causa-me espécie ver pretendentes à disputa majoritária no próximo pleito se apresentarem em público ostentando desmedida presunção.

Um, que almeja presidir o país, reedita a velha e frustrada fórmula de deitar sentença sobre como deve o Nordeste, e Pernambuco em particular, percorrer o caminho da recuperação econômica desconsiderando o lastro alcançado no recente impulso de crescimento - quando dos governos Lula-Eduardo Campos - e insinuando indicativos vagos e descolados de nossa realidade.

Como se completar a integração intra-regional, valer-se do grande volume de capital fixo recém-investido, operar a infra-estrutura moderna e, ao mesmo tempo, retornar às políticas de inclusão social produtiva dependendo quase que somente do desempenho da Bolsa de Valores.

É o que Miguel Arraes criticava como enxergar o Brasil com o olhar da Avenida Paulista. 
Muito distante do que somos e do que precisamos ser, sem a menor sensibilidade para a imensa diversidade regional que marca a sociedade brasileira.

De outra parte, na lide local, a proclamação prévia de postulação vitoriosa (sic) ao governo estadual, a quase um ano da peleja, mostra-se risível. Mais do que isso: um traço de prepotência sob todos os títulos em desacordo com o tempo que vivemos.

Subproduto da múltipla crise que o país atravessa, a descrença e a desconfiança em relação às instituições e instâncias político-partidárias, muitas lideranças inclusive, estamos diante de um eleitor agora arredio e, quem sabe, quando sensibilizado e predisposto a exercer a sua cidadania, estará mais atento a uma indispensável coerência entre a palavra e o ato.

Com o se a retórica supostamente aguerrida fosse suficiente para recuperar o estado das consequências da agenda neocolonialista e socialmente regressiva do governo Temer.

Aliás, a presunção da vitória fácil na pele de quem expressa, no conteúdo e na forma, a imagem do atual governo central não passa disso mesmo: presunção.

Sem querer meter o bedelho no terreiro dos outros, para o bem da democracia e em favor do enfrentamento consistente e responsável dos problemas que afligem o Brasil e Pernambuco, bom seria baixar o tom, clarear as ideias e caminhar com mais respeito aos demais contendores. 

Afinal, quem se dispõe a carregar tão frágeis andores não pode desconhecer obstáculos e oponentes, sob pena de tropeçar na primeira esquina.

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