Uma peleja essencialmente política
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/ne10
Referir-se nesses termos ao pleito de 2018 em Pernambuco parece dispensável, mas faz sentido. Pois se é óbvio que se trata de uma disputa política, vale sublinhar que a competência e a habilidade — as refinadas ciência e arte da política, digamos assim — terão franca primazia.
Começa pelo ambiente social em que o pleito ocorrerá, contido no “novo ciclo” resultante do impeachment da presidenta Dilma.
Nacionalmente, se interrompeu o ciclo de transformações que se iniciara no governo Lula e entrara no seu décimo terceiro ano com o segundo governo Dilma.
Em Pernambuco, idem, com o desaparecimento prematuro de Eduardo Campos. A vitória de Paulo Câmara, a despeito dos inegáveis méritos do então candidato, em 2014, foi fortemente influenciada pela emoção que então envolveu os pernambucanos.
A tradução local do novo ciclo nacionalmente marcado pela assunção de Michel Temer, via golpe institucional, tem no realinhamento de forças um traço preponderante. Os candidatos de quatro anos atrás, Paulo Câmara (PSB) e Armando Monteiro (PTB), já não contam com o mesmo leque de aliados.
Paulo, pretendente à reeleição, desta vez é chamado a manter parte dos apoiadores que, em princípio, permanecem ao seu lado e a agregar outros que, pelo menos parcialmente, substituam os que se desgarraram, incluindo dissidentes do PSB.
Armando, por outro lado, que votou contra o impeachment, se associa a forças que se afastaram do atual campo governista local e expressam nitidamente o conluio com Temer. Além disso, passa a conviver com outros pré-candidatos ao governo estadual.
À esquerda, firmemente anti-Temer, PCdoB (atualmente aliado local do PSB) e PT (sob risco de isolamento) são desafiados a encontrarem solução tática que lhes permita se fortalecerem, apesar da correlação de forças em geral adversa.
O quadro, assim desenhado em poucas pinceladas, implica duas leituras concomitantes: uma dos atores políticos, a outra do eleitorado.
Partidos e lideranças proeminentes, sobretudo os mais calejados, são capazes de transitar nesse jogo furta cor de alianças com relativa facilidade. O desafio maior é construir coalizões potencialmente fortes e, ao mesmo tempo, sensibilizar a maioria do eleitorado com proposições consistentes, compreensíveis e convincentes.
A leitura por parte do eleitorado — envolto na maior crise de credibilidade face à política e aos políticos — ainda é uma grande incógnita, que as prematuras pesquisas eleitorais ainda não são capazes de elucidar.
Em síntese, muito mais do que ajuntar forças em torno de candidatos ao Executivo estadual, impõem-se competência política (discernimento tático, sobretudo), sensibilidade para com a voz das ruas e firmeza de comando. Ou seja, ousadia e habilidade sobre terreno movediço e minado — suprassumo da grande política.
Passado o Réveillon, o jogo começa. Pra valer.
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/ne10
Referir-se nesses termos ao pleito de 2018 em Pernambuco parece dispensável, mas faz sentido. Pois se é óbvio que se trata de uma disputa política, vale sublinhar que a competência e a habilidade — as refinadas ciência e arte da política, digamos assim — terão franca primazia.
Começa pelo ambiente social em que o pleito ocorrerá, contido no “novo ciclo” resultante do impeachment da presidenta Dilma.
Nacionalmente, se interrompeu o ciclo de transformações que se iniciara no governo Lula e entrara no seu décimo terceiro ano com o segundo governo Dilma.
Em Pernambuco, idem, com o desaparecimento prematuro de Eduardo Campos. A vitória de Paulo Câmara, a despeito dos inegáveis méritos do então candidato, em 2014, foi fortemente influenciada pela emoção que então envolveu os pernambucanos.
A tradução local do novo ciclo nacionalmente marcado pela assunção de Michel Temer, via golpe institucional, tem no realinhamento de forças um traço preponderante. Os candidatos de quatro anos atrás, Paulo Câmara (PSB) e Armando Monteiro (PTB), já não contam com o mesmo leque de aliados.
Paulo, pretendente à reeleição, desta vez é chamado a manter parte dos apoiadores que, em princípio, permanecem ao seu lado e a agregar outros que, pelo menos parcialmente, substituam os que se desgarraram, incluindo dissidentes do PSB.
Armando, por outro lado, que votou contra o impeachment, se associa a forças que se afastaram do atual campo governista local e expressam nitidamente o conluio com Temer. Além disso, passa a conviver com outros pré-candidatos ao governo estadual.
À esquerda, firmemente anti-Temer, PCdoB (atualmente aliado local do PSB) e PT (sob risco de isolamento) são desafiados a encontrarem solução tática que lhes permita se fortalecerem, apesar da correlação de forças em geral adversa.
O quadro, assim desenhado em poucas pinceladas, implica duas leituras concomitantes: uma dos atores políticos, a outra do eleitorado.
Partidos e lideranças proeminentes, sobretudo os mais calejados, são capazes de transitar nesse jogo furta cor de alianças com relativa facilidade. O desafio maior é construir coalizões potencialmente fortes e, ao mesmo tempo, sensibilizar a maioria do eleitorado com proposições consistentes, compreensíveis e convincentes.
A leitura por parte do eleitorado — envolto na maior crise de credibilidade face à política e aos políticos — ainda é uma grande incógnita, que as prematuras pesquisas eleitorais ainda não são capazes de elucidar.
Em síntese, muito mais do que ajuntar forças em torno de candidatos ao Executivo estadual, impõem-se competência política (discernimento tático, sobretudo), sensibilidade para com a voz das ruas e firmeza de comando. Ou seja, ousadia e habilidade sobre terreno movediço e minado — suprassumo da grande política.
Passado o Réveillon, o jogo começa. Pra valer.
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