Pablo Picasso
Ansiedade
inquietante
Luciano Siqueira
Essa expressão está certa - ou a
inquietação é que provoca ansiedade? Tanto faz, creio. Uma sensação alimenta a
outra.
É o que ocorre agora com
crescentes parcelas dos habitantes deste país tropical abençoado por Deus.
São apenas quatro meses do
governo extremadireitista do capitão reformado Jair Messias Bolsonaro. Mas o
suficiente para que ele próprio, caneta à mão e redes sociais à disposição, e
sua esquisita equipe de governo demonstrem a carga pesada de desacertos sobre
direitos fundamentais, a soberania nacional e o que nos resta de democracia.
Lembra aquela expressão tão
comum no tempo em que piadas de português faziam sucesso. – Sabe a última do
Manoel?
Agora, o desmantelo e o desvario
nem nos dão tempo de dizer “Sabe a última do Bolsonaro?”, pois quase que com
disciplina militar as bobagens que assolam o País se anunciam no início da
manhã e no final da tarde – sobretudo através do Twitter e do Facebook, numa
versão tupiniquim do modelo Trump de comunicação institucional.
Por isso as pessoas estão a cada
dia mais ansiosas. E inquietas. E a inquietude as fazem mais ansiosas ainda...
Nos últimos dias, o que mais
escuto são perguntas assim com um quê de dramáticas: “Afinal, para onde o
Brasil caminha?” “Essa gente não tem limites?” “Por que o povo não protesta em
defesa da aposentadoria?”
Pouco adianta argumentar que a
resposta da sociedade – e das grandes massas populares – se dará
gradativamente.
Num processo dialético em que
percepções, as mais diversas, associadas à piora real das condições de vida das
pessoas se entrecruzam e geram um misto de consciência e indignação.
Daí para um mínimo de
convergência entre forças políticas e sociais oposicionistas e para a multiplicação
de atitudes de resistência de todas as formas se converterem em movimento amplo
e eficaz são alguns passos.
Por enquanto, que todos procurem
entender o que se passa e que cada um faça a resistência do jeito que lhe é
possível.
Chegaremos lá. Sinceramente, acredito
que sim.
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