Palmeiras é o
time mais seguro, regular e eficiente do Campeonato Brasileiro
Além das
qualidades técnicas e táticas, joga cada partida como se fosse a última
Tostão, na Folha de S. Paulo
As principais forças de um time são o talento individual e a
eficiência na execução do que foi planejado. O tipo de sistema tático, de
estratégia, é menos importante, a não ser em momentos pontuais. Assim fez
Felipão, ao deixar Dudu livre e mais adiantado, sem precisar voltar para
marcar, para aproveitar os enormes
espaços deixados pelo Santos, que avançava a marcação e perdia a
bola, por causa da pressão do Palmeiras.
Há várias maneiras de jogar bem e de ganhar. Algumas equipes
brasileiras têm seguido o modelo dos principais times europeus e atuado com um
trio no meio-campo, formado por um volante centralizado e um meio-campista de
cada lado, que marcam e atacam, em vez de atuar com dois volantes em linha e um
meia de ligação pelo centro.
O Atlético-MG, após a entrada do jovem técnico Rodrigo Santana,
tem jogado com um volante mais recuado e com Luan de um lado e Elias de outro.
Os dois são rápidos, hábeis e jogam de uma área à outra. O Internacional atua
assim desde o ano passado. Alguns falam que são três volantes. Cada equipe,
brasileira ou europeia, tem suas particularidades.
Quando um time é compacto, com os jogadores de um setor próximos
aos de outro, não há espaço nem necessidade para se ter um meia de ligação
centralizado, entre o meio-campo e o ataque. Isso não significa que jogar assim
é ultrapassado. Costuma funcionar muito bem, como tem ocorrido com Palmeiras,
Fluminense e outras equipes.
O Fluminense, além de trocar muitos passes e de ficar com a
bola, aprendeu a marcar. É um avanço do técnico Fernando Diniz. O Palmeiras é o time mais
seguro, regular e eficiente do Campeonato
Brasileiro. Além das qualidades técnicas e táticas, joga cada
partida como se fosse a última, a do título.
Falta a algumas equipes que atuam com dois volantes e um meia de
ligação, como o Cruzeiro, um volante que marque e avance como um meia, como
Bruno Henrique, Elias, Arão e outros. Evidentemente, nenhum destes é especial.
Talento é diferente de estilo.
Nem a seleção
brasileira tem um craque meio-campista. Após um grande fascínio
por Arthur, existe hoje uma avaliação mais realista sobre ele, de que é
excelente, merece ser titular da seleção, mas não é um Xavi nem
está no nível dos melhores do mundo nessa posição.
No Barcelona, Arthur disputa a titularidade com o chileno Vidal,
que tem sido o preferido nos últimos jogos, por ser mais combativo e jogar de
uma área à outra.
Grêmio e Cruzeiro fazem péssimas
campanhas no Brasileiro. Pode-se imaginar e suspeitar de várias
razões para a queda do Cruzeiro, como a de que existe algum problema no
vestiário. Sempre que um time vai mal, falam isso. Penso que a razão mais
provável é que as mesmas deficiências atuais estavam presentes também nas
vitórias. Além da falta de um ótimo meio-campista que atue de uma área à outra,
o time prefere recuar a pressionar quem está com a bola, e Fred continua lento
como antes. Em jogos equilibrados, se ganha e se perde por muito pouco, às
vezes, repetidamente. É a fase ruim.
A terminologia das funções e posições em campo deveria ser mais
simples, direta e explicativa. Os garotos e garotas que começam a
entender de futebol ficam confusos com tantas palavras antigas, ultrapassadas,
ou modernas, impossíveis de ser compreendidas. Em Portugal, escanteio é tiro de
canto. Ponto final.
Como dizia Graciliano Ramos, "a palavra não foi feita para
enfeitar; a palavra foi feita para dizer".
[Ilustração: Luiz Rocha]
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