Um
sentido lógico do ilógico
Para Giorgio
Patricia Peterle
É verdade não
importa a distância.
Hoje nos reencontramos e você sabe
um pouco de ti carrego comigo:
óculos e bigode não podem faltar.
O cheiro do filé de
bacalhau frito de Santa Barbara
se mistura ao sabor das alcachofras
um lançamento de livro parada no lago Bracciano
e um aperitivo
afinidades siderais não passam
com o passar das estações
como a perspectiva da cidade se renova
garupa rasante em carros e monumentos
viagens num punhado tomado da lembrança.
Lembrança desejo
irrompente quando
as baterias do controle se tornam mais fracas.
Aqui a distância
não importa nada
as regras do jogo são outras
não sabemos
as inventamos
hoje nos reencontramos na praia
vestes elegantes num jogo sem sentido
sem sentido lógico sentindo a areia e
as nossas vozes que se falavam por números
alógicos. Você dizia 26 e eu respondia 12
você 234 e eu 71. Subterrâneos cinzeis
ampulhetas infindáveis
precipícios de um sonho.
É verdade a
distância não importa.
*
O que não devo fazer
para me livrar dessa
mente inimiga
perene hostilidade
diante da feliz culpa
de ser o que sou
ouriço, joaninha
[Ilustração: Anita Malfatti]
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