29 julho 2021

Palavra de poeta: Thiago de Mello

A boca da noite

Thiago de Mello


O que não fiz ficou vivo
pelo avesso. O que não tive
pertence à dor do meu canto.
A estrela que mais amei
acende o meu desencanto.
Vinagre? Sombra de vinho?
De noite, a vida engoliu
(é doce a boca da noite)
as dores do meu caminho.
O meu voo se apazigua
quando a tormenta me abraça.
O que tenho se enriquece
de tudo que não retive.
Diamante? Flor de carvão.

[Ilustração: Roosevelt de Oliveira Lourenço Roos]

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Veja: A poética ousada e cativante de Joana Côrtes https://bit.ly/3xdnKW8

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