25 julho 2021

Futebol olímpico

Futuro, no esporte e na sociedade, deveria estar no respeito à diversidade

Futebol brasileiro precisa evoluir e conciliar jogo individual com coletivo, não tem de ser uma coisa ou outra
Tostão, Folha de S. Paulo

 

Começou o espetáculo das Olimpíadas. Além do futebol masculino e feminino, pretendo ver outros esportes. Gosto de todos, até de badminton. Não tenho a desculpa de que não dá para acordar. Idoso levanta cedo.

cerimônia de abertura foi linda, sóbria e simples, como são os japoneses. No fim, o sonho de paz e de felicidade, individual e coletivo, simbolizado na música "Imagine", de John Lennon e Yoko Ono. Foi emocionante.

Estive no Japão, no Mundial de 2002, como colunista da Folha. Gostaria de voltar para passear. Tenho muitos planos. Pena que a vida é curta.

Para o otimista Barão Pierre de Coubertin, os Jogos Olímpicos têm funções educativas, éticas e de união dos povos. Não é só isso. Com a profissionalização de todos os esportes e o surgimento da sociedade do espetáculo, virou também um grande negócio. Os atletas de alto rendimento representam o mito do herói, endeusados, glamourizados e, rapidamente, consumidos e descartados. O espetáculo exige novos personagens.

Para ser um grande campeão, os atletas precisam ultrapassar todos os limites técnicos, físicos e emocionais. Os grandes vencedores são ambiciosos, obcecados pelo sucesso. Alguns atletas, na ânsia e na pressão pela vitória, às vezes recorrem a meios ilícitos e antiéticos, como o uso de drogas, mesmo correndo grandes riscos de serem flagrados e duramente punidos.

Além do jogo de futebol masculino e feminino, pelas Olimpíadas, continuam a Libertadores e o Brasileirão, que terá neste domingo (25) uma ótima partida, entre Flamengo e São Paulo, duas equipes que foram muito bem no meio de semana pela Libertadores.

Contra o Defensa y Justicia, Renato escalou Bruno Henrique aberto, como um ponta, e Arrascaeta pelo centro, ao contrário do que fazia Jorge Jesus. Assim, Gabigol ficou mais longe de Bruno Henrique, uma possível razão de não ter se destacado contra os argentinos.

As seleções olímpicas masculina e feminina foram muito bem na primeira rodada. O técnico André Jardine, contra a Alemanha, foi brilhante. Em vez de escalar Claudinho pelo meio e Richarlison pela esquerda, o que seria o habitual, o esperado, colocou Claudinho pela esquerda, como armador, e Richarlison formando dupla, pelo centro de ataque, com Matheus Cunha.

Os dois, contra a frágil e adiantada defesa da Alemanha, deitaram e rolaram, principalmente nas bolas lançadas nas costas dos defensores. Neste domingo, o jogo contra a Costa do Marfim pode exigir uma estratégia diferente.

Após os primeiros ótimos momentos das seleções masculina e feminina, que enfrentaria neste sábado (24) a fortíssima Holanda, houve exagerados elogios ao futebol brasileiro, pela habilidade e pela fantasia.

Ainda é cedo. A seleção masculina é muito forte. Daniel Alves e Richarlison são titulares da equipe principal. Se colocarem Neymar, Casemiro, Marquinhos e um dos goleiros da seleção principal, o time ficaria quase no mesmo nível da equipe dirigida por Tite.

Independentemente dos resultados e das atuações das seleções masculina e feminina, o futebol brasileiro precisa evoluir, conciliar o jogo individual com o coletivo, o drible com o passe, a ousadia com a prudência, a disciplina e a solidez com a improvisação e a habilidade com a técnica. Não tem de ser uma coisa ou outra.

O futuro, no esporte e na sociedade, deveria estar no respeito à diversidade, no interesse e na inteligência coletiva, na capacidade de conciliar e assimilar o que há de melhor nos diferentes.

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