Vigília
Não, meu
amigo, não precisas ter
nenhum cuidado: havendo o que
cuidar,
cuidarei eu constantemente a te poupar
coitas que vão teu coito arrefecer.
Coitado
de quem deixa a noite ser
vinda fora de tempo e de lugar
sombreando as alturas do prazer
com rasteiras tribulações do lar.
Antes que
venha a noite, vai o dia
mostrando os horizontes de
alegria
que tem a palmilhar no corpo dela:
são
costas, são gargantas, são colinas
— toda
uma geografia em que te empinas
enquanto pelo teu meu amor vela.
[Ilustração: Van Gogh]
Leia também: "Cantiga para não morrer", poema de Ferreira Gullar https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/08/palavra-de-poeta_80.html

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