06 dezembro 2006

Bom dia, Cida Pedrosa


a face e o sertão

o azul toma conta da face
que se transmuda em sertão

velas a postos
sons despedidas
histórias de náufragos
ressurreição

o sol toma conta da face
que se exprime sertão

pipas a pino
ciranda de nuvens
varanda aurora
roda pião

o nu toma conta da face
onde mora o sertão

2 comentários:

Anônimo disse...

P'ra mim
és esse rio que te desflora
o povo
de um pais desencantado,
povo que canta,
dança,
mas que chora
a terra,
seu país por Deus criado.
P'ra mim,
és Ipanema ensolarada,
és a verde Amazónia,
agredida,
és Sampa
acordando de madrugada,
a esperança de mudar
não conseguida.
És a crosta gretada,
Sertão sofrido.
És verdesul,
nordeste ,
és a Baía.
És Brasilia,
futuro não cumprido,
sorriso,
carnaval,
triste alegria.
És meu Cruzeiro do Sul
muito querido,
tu és o meu Brasil
minha Utopia.
...
...
Que se cumpra o Brasil como grande país que é.

Anônimo disse...

Obrigada pela riqueza das análises políticas e a poesia.


Drama

A quem falo no mundo? Por quem foi
Esta bandeira branca de poeta?
A quem descubro a chaga que me rói
Por não ser seu artista e seu profeta?

A quem arranco com beleza a seta
Do calcanhar humano que lhe dói?
A quem vejo chegado à sua meta,
Novo senhor da terra e novo herói?

A nenhum homem, que a nenhum conheço.
Água de um rio que não tem começo,
Nas duas margens sinto o mesmo não.

Mas na direita a vida é gasta e velha...
Só na outra uma chama se avermelha
Capaz de me aquecer o coração.

(Miguel Torga, "Poesia Completa I", Círculo de Leitores)


Com o abraço
de Selenia Granja
para Luciano Siqueira
e Cida Pedrosa.

Outro poeta por aqui, o Jim. Valeu!