06 fevereiro 2007

Qual carnaval?

No Jornal do Commercio de hoje, Inaldo Sampaio (coluna Pinga-Fogo), faz comentário sensato acerca dosincidentes violentos que tumultuaram o desfile do Balança a Rolha, domingo, em Boa viagem.

As Polícias de Pernambuco têm deficiências que vêm de longe, trabalham com um modelo de segurança ultrapassado e subdimensionaram o público que acorreria à praia da Boa Viagem, domingo passado, para assistir Ivete Sangalo na abertura da semana pré carnavalesca. Todavia, elas não foram as únicas culpadas pelo “show de violência” que houve lá cujas imagens foram veiculadas, à noite desse mesmo dia, pela Rede Globo de Televisão. O maior responsável pela pancaria foi o modelo excludente de carnaval que impuseram à população.

Como se sabe, carnaval em Pernambuco é uma festa do povo, pelo povo e para o povo. Não comporta mais desfiles no espaço mais democrático do Recife, que é a praia de Boa Viagem, com trios elétricos isolados por cordões humanos e atrás dos quais apenas a “elite branca”, que pode dar-se ao luxo de pagar R$ 150,00 por um abadá, tem o direito de desfilar. A massa dos excluídos não aceita isso, revolta-se e parte para a violência por qualquer motivo. Por que não houve violência no “Marco Zero” nem nos desfiles das “Virgens”, em Olinda, que reuniu multidões iguais ou superiores à que se encontrava em Boa Viagem? Porque não houve esse odioso e inaceitável tipo de “apartheid”.

O “Recifolia”, igualmente excludente, desapareceu sem deixar saudades. É o que ocorrerá também com o “Balança Rolha” se não for facultado ao “povão” o direito de também participar.

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