Este rio de cinzas
Este rio de cinzas,
este lago de flores,
este bosque de nomes,
este mural de cores,
tantas pedras em quedas
sobre os campos do sonho,
frutos moles, vermelhos,
panteras, sol medonho,
o touro na planície,
as aves nas gaiolas,
no céu girando a Terra,
a chuva e suas cordas
feitas de nuvens frias,
nuvens que formam vagas
e também formam vidas
com seu tecido de águas.
Abrir! Abrir os olhos...
mas os olhos não levam
a ver como são grandes
os pequenos da Terra!
Um comentário:
Querido Luciano Siqueira,
do poeta português,António Barahona,
um regalo.
Saudade...
NÚRIA
A lentamente bela bruxa cisne magro
A lentamente mate cor do pão de trigo
A lentamente Núria de navalha e ligas
Ah lentamente o corpo se compara ao cubo
e muda as asas quentes em arestas frias!
Mãos vestidas de roxo a festejar tristeza
em Sexta-feira Santa d'oração medonha!
Ah lentamente a Espanha em procissão nas ruas
cabelos desgrenhados mais guitarras nuas!
Ah Núria, rosa-névoa, lâmina de pétalas
a recortar raizes dos meus olhos d'húmus!
Ah lentamente lentamente aponto e estico
o arco: assobia a flecha no teu flanco
e, de repente, no meu sangue flui um barco
Paço d'Arcos, 13.X.72 António Barahona
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