26 maio 2007

Falar em amante e na União Soviética dava cadeia

DIP: lista de assuntos proibidos


No Almanaque Brasil:
. Muito se fala sobre os abusos da Censura no regime militar iniciado em 1964. Mas, três décadas antes, o governo brasileiro já tinha um enorme aparato destinado a calar as vozes de oposição: o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
. Criado por Getúlio Vargas em 1939, o DIP – auxiliado pela Agência Nacional – fornecia cerca de 60% do material dos jornais da época. E fazia questão de controlar bem de perto os outros 40%. Todos os meses, o departamento entregava à imprensa uma lista de assuntos proibidos.
. Alguns exemplos:
- Não pode ser noticiada a morte de um operário no restaurante do SAPS quando almoçava. (...) Proibidas quaisquer alusões ao regime brasileiro anterior a 10 de novembro de 1937, sem prejuízo de referências à democracia, pois o regime atual é também uma democracia. (...)
- Não divulgar nota sobre grave incidente entre civis e militares em Marechal Hermes (subúrbio do Rio). (...)
- Nenhuma notícia sobre escassez de peixe no país. (...)
- Nada assinado por Oswald de Andrade.
. Além de despachar a relação de notícias inadequadas, o DIP vetava o uso de alguns termos e expressões. Podia ir para o xilindró quem mencionasse o nome “União Soviética” – país onde viviam, na época, 100 milhões de pessoas. Também corria o risco de ver o sol nascer quadrado quem usasse a palavra “amante”, fosse para fazer referência a alguém em uma relação amorosa ou mesmo a um inocente “amante do futebol”.

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