05 novembro 2007

Mais sobre "Cutucando o diabo com os pés no chão"(*)

Do amigo e professor José Amaro Santos da Silva:

"Luciano, a história nos ensina que o diabo é cutucável!

Infelizes das criaturas que não ousam.

Para o exercício da ousadia, antes de tudo, é preciso ter coragem, determinação, atitudes, ao lado de uma campanha esclarecedora sem sofismas, estes que caracterizam o comportamento da classe política, infelizmente.

Às vezes nos colocamos em posições críticas sem objetivos, que se particularizam, evidentemente, como irresponsabilidades. Há os que têm consciência absoluta do que critica e quer ver as coisas mudarem.

Mexer com a política, com a educação, com os tributos, com a situação agrária e a urbana, demandam atitudes conscientes e firmes, capazes de convencer a todos quanto se opõem e até vir a tornar os opositores capazes em contribuir a favor de causas necessárias ao progresso e bem estar coletivo.

O crítico emérito das artes no Brasil, Mário de Andrade, em 1922 chamou a atenção do povo brasileiro para as atitudes de mudanças no campo da música, levada a efeito pelo compositor Heitor Villa-Lobos, assim como a todas as demais expressões artísticas.

Falar de mudanças, criticar continuísmos sem se ter caminhos por onde seguir é jornadear no vazio.

Mário de Andrade observou que Villa-Lobos ao propor uma nova música para o Brasil quando compôs "Amazonas", o "Uirapuru", "A Prole do Bebê nº 1 e nº 2" e a longa série de "Choros", o mentor intelectual do movimento musical brasileiro e papa do modernismo de 1922 disse da obra de Villa-Lobos: "É toda uma orquestra que avança arrastando pesada, quebrando galhos, derrubando árvores e derrubando tonalidades e tratados de composição".

A afirmação final do crítico Mário de Andrade, quando disse que a música de Villa-Lobos chegou derrubando tonalidades e tratados de composição, possivelmente, vem a coincidir com suas considerações no artigo "Cutucando o diabo com os pés no chão", pois, para derrubar costumes e quebrar resistências há de agir com espírito revolucionário e, quando a revolução chega, sem capa de golpe, o povo entende e aceita, haja vista que todos os jovens compositores, após Villa-Lobos, o tornaram como paradigma e as transformações com aquela revolução musical foi benéfica para todos e sobrevive até o momento, após 85 anos da proposição pelos mentores da Semana de Arte Moderna ocorrida na década de vinte.

É isso."

(*) Veja postagens abaixo.

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