25 agosto 2009

Boa noite, Bartyra Soares


Persistência

O fio de cobre de tua voz
estaca oscilante sob o umbral
de minhas incertezas. Vêm
de ti ou dos pardais esse frêmito
esse alarido essa incisão de cor?

Recolho tua face de olhos mínimo
se lado a lado contemplamos a dança
das mariposas que das perplexidades
acercam-se tontas. No jardim
a chuva liquefaz as margaridas.

Em ti o medo e o vento rodopiam
desordenados - girassóis sem hastes
fragmentando-se na queda louca.
Com insistência o teu pulso desfia
a vida no compasso de repetida canção.

De descaso é o latir do cão
na viela esconsa. Pouco a pouco
tua voz se extingue. Sob o umbral
só as indagações de minhas incertezas
mantêm-se em alerta e persistem.

Um comentário:

Jô Moraes disse...

Ah! que bom, Luciano, esse poema de Bartira faz bem à alma de quem está nessa BSB vendo Suplicy virar juiz de futebol no Senado e Demócrito pedir suco de maracujá prá ele.