21 janeiro 2011

Jomard comenta e convida: "Poemas", de Daniel dos Santos Lima

MARES PELO RISO DA POETICIDADE
Jomard Muniz de Britto

Para anunciar o mês próximo nada melhor do que relembrar o texto-síntese da poeta-pesquisadora Maria Alice Amorim: “la mer/o mar/toujours/iemanjá". Além da devoção pela paisagem da Rainha, precisamos saudar a estréia do amigo Daniel dos Santos Lima e seu inédito conjunto de livros: POEMAS (CEPE).

...“E ao chegar fevereiro
ainda serás imortal
da trágica imortalidade dos palhaços
das colombinas e dos arlequins”...

No país da carnavália perdurante, esqueçamos a tragédia do meio-inteiro ambiente que se faz presença antes durante depois das folias metropolitanas. Mesmo que tentemos o não ser dos arlequinais e palhaços famigerados. Da Região Serrana aos mangues dormentes do Beberibe, outras Holandas em Olindas incendiárias pelo Eu acho é pouco. Insegurando as coisas e feitiços. Inabaláveis e utilíssimas paisagens envenenadas por foliões em trânsito. Pelas diferenças e adversidades, este novo Daniel continua sendo nosso transgressor tão contemporâneo quanto extemporâneo:

...“Mês leviano, essencial
eterno e contingente
No dia em que o perderes
com ele perderás a tua mocidade
e terás assinado antes da hora
um pacto de morte com a tristeza
e seus horrores”...

Se Iemanjá habita mas não reside neste país das maravilhas, nossas paisagens se transfiguram pelo poeta sem medo da paixão e dos mares da poeticidade. Sem medo da retórica das monoculturas nem da memória dos álbuns de família.Sem temer o riso perfurante danielino. Riso-ironia-sarcasmo pela dialética sem síntese. Todas as antíteses, paradoxos, críticas culturais, desde que o "Brasil não é estado confessional", conforme análise histórico-sociológica de Roberto Martins. Sem medo das citações necessárias.

...“Navega sempre os mares das palavras
mas sabe-as sempre incertas, imprecisas,
bem longe da Palavra que procuras
A exata palavra.
Não há palavra exata no poema.
Há beleza.
E a beleza é inexata e equívoca.”

Aos novos leitores de Daniel dos Santos Lima, todos no dia 2 de fevereiro, às 19h, no auditório da Livraria Cultura do Recife, vizinha do Paço Alfândega e da Galeria Arte Plural.

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