Coutinho nega crise cambial no mercado brasileiro
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta quinta-feira que,
apesar da volatilidade cambial neste momento, o mercado brasileiro tem
fundamentos sólidos. "Não estamos enfrentando nenhuma crise cambial. Temos
um sistema bancário robusto. E um sistema privado robusto também", afirmou
ele, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex) 2013, no Rio de
Janeiro.
"Temos condições macroeconômicas perfeitamente
administráveis e grandes oportunidades de investimento", completou
Coutinho. Segundo ele, o Brasil tem que ter tranquilidade e olhar para o
futuro, para "engendrar um processo" em que a economia possa sair
mais forte e competitiva desta etapa da crise.
Patamar - Ele afirmou ainda que o Brasil está entrando, muito
provavelmente, em um novo patamar de taxa de câmbio. Ontem, o dólar chegou ao
valor mais alto ante o real desde 2008, atingindo R$ 2,451.
"Muito provavelmente entramos em um ciclo
duradouro de valorização do dólar, o que tende a criar condições mais
favoráveis para nossa competitividade no médio prazo", disse Coutinho.
Segundo ele, muitas cadeiras produtivas que
perderam espaço na industria de transformação no cenário global poderão
"sonhar e ambicionar recuperar esses espaços com o real depreciado".
O desafio de curto prazo, segundo o presidente do banco de fomento, é
estabilizar volatilidade cambial para evitar pressões inflacionárias.
"Não podemos basear toda nossa política de
competitividade na taxa de câmbio", observou Coutinho. Por isso, o
executivo defende a criação de fundamentos, de médio e longo prazo, que
permitam a travessia por períodos mais ou menos favoráveis ao câmbio, sem
afetar a exportação. "Houve uma mudança importante, com a subida nos salários
e queda de natalidade, que afetou o crescimento da população economicamente
ativa. Torna-se imperioso que empresas invistam em produtividade",
afirmou.
Sustentável - Para o presidente do BNDES, uma taxa de câmbio um
pouco inferior à atual, entre R$ 2,20 e R$ 2,35, é mais fácil de ser
sustentada.
"Não podemos pensar apenas na taxa nominal.
Temos que pensar no plano real e na inflação. É preciso tranquilidade para
deixar passar esse momento de nervosismo", afirmou.
Segundo o presidente do banco de fomento, em algum
momento o câmbio deve voltar a se estabilizar.
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