08 maio 2017

Para descontrair

Dez coisas que não prometo
1) Não prometo mudar minhas convicções sobre o mundo, a vida, o amor e a necessidade de transformar a sociedade, pois assim caminho há décadas e de nada me arrependo do que tenho pensado nem feito ou deixado de fazer por opção consciente. Nem abrir mão da minha confiança no sonho dos poetas e na força do povo.

2) Nenhuma condescendência me comprometo a ter com quem pratica a maledicência com o prazer mórbido dos que traem, nem com os que disputam um lugar à mesa como quem guerreia pelo poder real, nem com os que anseiam pela autoafirmação como ideal de vida. De individualismo assim tão exacerbado quero distância, pois aprendi desde garoto a repudiar esse vírus que corrói as relações humanas.

3) Ah, também é bom que deixe claro de uma vez por todas: não me disponho a retornar aos estádios aos domingos nem em qualquer outro dia para apreciar o que se chamava antigamente de esporte bretão: nem para apoiar o meu Náutico, nem para torcer pelo Sport ou Santa cruz (quando enfrentando times de fora), nem mesmo para ver a seleção canarinho, a não ser na Copa de Mundo, se vier jogar na arena de São Lourenço da Mata. Aprendi que o futebol é um grande negócio nem sempre lícito e que o torcedor é o último a saber – se é que sabe realmente o que acontece fora das quatro linhas.

4) Longe de mim prometer superar o vício da leitura diária de livros, revistas, jornais e páginas na internet. Vício por vício prefiro este, já que não me disponho a aderir ao tabagismo nem ao atraente e permissivo alcoolismo.

5) Não admito também passar à responsabilidade de ninguém, de nenhum dos meus assessores, o manejo do Twitter e do Facebook, nem do meu blog pessoal, nem da minha correspondência via e-mail, pois tenho certeza de que amig@s logo perceberiam a artificialidade do diálogo. Prefiro a imperfeição do contato direto à assepsia da comunicação burocrática. 

6) Também não me disponho a juntar dinheiro: desde cedo descobri que ficar rico não é minha sina, nem para tanto tenho talento. Se sobra algum, que o queime em livros e viagens de lazer, nada mais que isso.

7) Não desejo aprender os passos do tango, por mais que admire a dança portenha e me deslumbre a sua coreografia apaixonante e bela. Não dou para a coisa e é melhor ficar quieto, eu que sequer aprendi a valsa vienense nem o nosso bom e popular forró.

8) Nem pretendo gostar de salpicão, porque adocicado; nem de jenipapo, por puro preconceito com a fruta; nem de uísque com água de coco, porque o prefiro com pouco gelo; nem de cachaça com limão, porque a prefiro pura.

9) Parar de escrever artigos e crônicas semanais, nem pensar - por mais que tenha consciência das limitações do escriba. Sempre haverá uma boa alma disposta a me premiar com a leitura generosa e compreensiva.

10) Aprender a cozinhar, tem jeito não. Compenso, entretanto, com reconhecida habilidade para lavar pratos que, modéstia à parte, faço com prazer e esmero.

(Da minha crônica "Dez desejos que não acalento em 2012")
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Um comentário:

Jan Ribeiro disse...

Fiquei imaginando você arriscando passos de Tango! hahaha