14 novembro 2018

Se desconfia, não passe adiante

As fake news e o masoquismo insidioso
Luciano Siqueira

Não se diz que uma conversa puxa outra? É precisamente o acontece em nosso cotidiano.

Como hoje cedo, ao encontrar velho amigo, ex-preso político nos anos 70 e 80: 

— Prefeito, a situação está difícil, né? E aquele seu otimismo como fica?

— Fica onde sempre onde esteve, aqui na minha "cuca"...

— Mesmo com as fake news?

As notícias falsas veiculadas pelas redes sociais e pelo aplicativo WhatsApp, como se sabe, tiveram enorme papel deletério no último pleito e seguem fazendo estragos. 

Muitas são manjadas: absurdas no conteúdo, apócrifas, precariamente redigidas. Mas assim mesmo são passadas adiante, numa espécie de compartilhamento mórbido. 

Gente que pensa e se movimenta no campo que chamo de progressista e de esquerda, infelizmente, parece ter se deixado contaminar por uma espécie de masoquismo insidioso, na razão direta em que absorve as fake news. E as divulgam, em escala! Fazem o gol contra.

É como que raciocinassem assim:

— A situação é tão difícil, a extrema direita conquistou o governo da nação, muita coisa ruim vem por aí e é bem possível que o que estão dizendo aqui seja mesmo verdade, e não alarme falso.

Agora mesmo, nesses dias em que assumo mais uma vez a chefia do governo municipal (em razão de viagem do prefeito Geraldo Julio ao exterior), parte do meu tempo tem sido dedicado a rebater informações errôneas sobre a nossa gestão. 

Tipo suspensão de concursos previstos, interrupção das atividades do Paço do Frevo e que tais.

Reagir é preciso. Sobretudo para os que se situam no lado de cá da quebra de braço política, condenados a amargar quatro anos de uma gestão que sugere tempo muito bicudo mesmo.

Miguel Arraes, com quem convivi por cerca de vinte e quatro anos, em situações complexas e aparentemente desfavoráveis, costumava me rotular de "otimista irrecuperável".

Pois sou mesmo. Apesar dos castigos, da trama dos inimigos e da dispersão momentânea dos que resistem. 

Otimismo fantasioso, não; sim apoiado na compreensão de que a evolução da sociedade humana se dá permanentemente impulsionada pelas contradições reais. 

Nesse sentido, a História conspira a nosso favor - em médio e longo prazo.

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