28 novembro 2018

Destrambelhado, doloroso e ridículo


DESENCONTRO ENTRE PALAVRAS E GESTOS 
Luciano Siqueira

Desde criança escutamos dizer: — Em boca fechada não entra mosquito.

Diz-se de quem fala em demasia e sem critério.

O ato de dizer algo é precioso, desde que a Humanidade engatinhou na criação da linguagem.

Futuros ministros do novo governo abusam de falar e desdizer, na medida em que desagradam grupo de pressão ou próprio presidente eleito.

Claro que o que se questiona no futuro governo da República é mais do que o gesto e palavras desconectadas da realidade e mesmo das intenções do novo governante. 

O que se questiona é, na essência, o rumo que pretende imprimir ao País, em diversas dimensões — seja na observância dos preceitos constitucionais, no trato da soberania nacional, no manejo de reformas que retiram direitos e precarização relações de trabalho, seja também no que se refere à condução da economia.

O ultraliberalismo em toda a sua radicalidade, próprio da extrema direita mundo afora, parece ganhar aqui status de ideologia ou mesmo religião, pétrea na observância dos seus dogmas.

Entretanto, vale observar o bate cabeças quase diário entre integrantes do futuro novo ministério e o próprio presidente eleito. 

O escolhido para a Saúde, afirma e repete que deseja estabelecer reavaliações periódicas dos médicos envolvidos com a rede pública, apesar dos desmentidos do capitão Bolsonaro.

Outro antecipa o fim do ministério do Trabalho, para em seguida o chefe desdizer — não se sabe por discordância ou por recuo.

Depois de escolhido futuro chanceler, um diplomata de segundo escalão de ideias primárias e preconceituosas, não é ele mas um dos filhos do presidente que viaja aos EUA para afinar os ponteiros com o governo Trump no combate aos governos e às forças progressistas no subcontinente sul-americano

E assim por diante.

Que governo teremos? 

Provavelmente mais do que um governo direitista, submisso aos desígnios dos EUA, contrário aos interesses e aos direitos dos que vivem do próprio trabalho. Também um poço de contradições e disse que disse.

Ruim para a nação e para o povo brasileiro.

Uma festa para analistas internacionais e cartunistas e humoristas tupiniquins. 

Governo deplorável pelo que pretende fazer, pelo modo de agir e de dizer as coisas. 

Não morrerá pela boca, pois constitucionalmente terá direito a quatro anos de contradições e maldades. 

Mas com certeza fará um papelão a um só tempo doloroso e risível.

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