06 novembro 2018

Privacidade e imagem pública

As tais redes sociais e a imagem de cada um 
Luciano Siqueira

A relação entre as redes sociais (e o aplicativo WhatsApp) e a luta política tem sido mais do que debatida, sobretudo a partir do mau uso feito na última campanha eleitoral, disseminando notícias falsas.

Vale também atentar para as suas implicações na vida de cada um de nós, simples usuários. 

Principalmente para quem usa o Facebook e o Instagram, toda atenção é pouca.

Mas nem sempre amigos e amigas que os usam se dão conta disso. 

Não se apercebem que se expõem publicamente — com todos os atrativos e riscos. 

Por exemplo, em processos seletivos, seja por empresas privadas, seja na esfera pública para a ocupação de postos em governos, a consulta ao perfil do pretendente ao cargo nas redes sociais é hoje quase uma norma.

O pressuposto é: “Mostra-me o que publicas e eu te direi quem és.”

Uso regularmente as redes Facebook, Twitter e Instagram e o aplicativo WhatsApp, além de manter canal próprio no YouTube. Razoável grau de exposição pessoal, reconheço, ainda que a tônica das minhas postagens não seja de caráter íntimo.

Porém concessões tenho feito, até porque se me eximir de registros pessoais — tipo cenas do meu trabalho cotidiano, relações de amizades e que tais — os amigos sentem falta, pelo "espírito big brother" que reina entre os seguidores.

É como se as pessoas dissessem: “Tudo bem, sei o que você pensa, gosto das fotos que você faz e dos textos que escreve, mas quero saber algo do seu cotidiano como cidadão comum.”

Dentro de certos limites, preservando a própria privacidade, que a cada um cabe decidir, quando se pretende preservar as amizades via internet, e até ampliá-las, o jeito é atender em certa medida a esse reclamo.

Isto posto, aqui e acolá me preocupam algumas situações em que alguém nitidamente se expõe, fazendo postagens cujo teor pode suscitar percepções distorcidas sobre a sua real personalidade e comportamento.

Torna-os vulneráveis num ambiente competitivo, em que fluem a disputa por espaços, o ciúme e a maledicência.

Entretanto, uma vez advertidas do quanto é inadequada uma ou outra postagem, pela forma e pelo conteúdo, as pessoas tendem a subestimá-las. "Meus amigos sabem do que estou falando e que não sou o que possa estar parecendo ser", retrucam.

Ora, se as redes sociais alcançassem só os amigos íntimos não seriam "redes sociais", nem teriam a amplitude e a audiência que hoje têm. Para o bem e para o mau.

De toda forma, resta a hipótese de que eu é que seja ainda tímido em demasia ou antiquado ou até preconceituoso, e valha mesmo o "liberou geral" e cada um deva se expor como bem entender. 

Será?

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