O monólogo
cibernético não veio para ficar
Luciano Siqueira
Um sujeito inexpressivo,
parlamentar bisonho há quase trinta anos, é escolhido por forças poderosas,
disputa a presidência do maior país da América do Sul e ganha. E ainda sai com
o galardão de ter vencido sem debater, nem explicar — inaugurando o monólogo quase
monossilábico e primário como forma exclusiva de comunicação com os eleitores.
Um fenômeno!
Claro que esse cidadão, precisamente o capitão Bolsonaro, venceu principalmente porque havia um amplo espaço aberto em razão da confluência de fatores cujo vértice está no desgaste das instituições, dos partidos e das lideranças políticas em presença.
Mas fica a fama de herói da manipulação das redes sociais e do aplicativo WhatsApp — de fato, outro fator igualmente decisivo para confundir milhões de eleitores e vencer as eleições.
Como todo fenômeno político novo, logo ganha status de "modelo" a ser seguido, na esteira do imediatismo contumaz.
Mais: preparando-se para governar, o dito cujo mal concede entrevistas, pronuncia-se através de transmissões ao vivo pelo Facebook e pelo Twitter.
Demonstra, assim, confirmar a sua confessa admiração pelo presidente Trump, dos EUA, em quem diz se inspirar.
Então, Brasil e EUA, com toda a importância geopolítica dessas duas grandes nações, se vêem liderados por outsiders hábeis e espertos na exploração da oportunidade e na manipulação das consciências.
Tudo bem. Serão duas experiências que certamente ficarão na História como algo fora da curva e próprio de um instante de verdadeira crise civilizacional que assola a maior parte do Planeta.
Mas, para efeito imediato, essa moda pode pegar e em certa medida contaminar a prática política, pelo menos cá em terras tupiniquins, e o tão necessário contencioso de ideias, fator imprescindível à democracia, estará ofuscado pelo monólogo cibernético!
Quer saber o que pensa o presidente? Aguarde o próximo comunicado nas redes.
O governador pretende anunciar suas primeiras medidas? Acesse o Facebook.
O prefeito viajará a capital para tratar do programa de combate à estiagem? Veja no Twitter.
E assim por diante.
Ainda bem que a sociedade humana é muito mais complexa do que supõem os senhores manipuladores de algoritmos e a dita inteligência artificial, por mais eficiente que seja, jamais dará conta das necessidades, aspirações, sonhos e emoções de um povo.
Essa moda não pegará em definitivo, passará.
A luta social e política em seu leito real (tendo as chamadas redes sociais como componente acessório) seguirá adiante — abrindo veredas por onde a nação e o povo possam se afirmar.
Um fenômeno!
Claro que esse cidadão, precisamente o capitão Bolsonaro, venceu principalmente porque havia um amplo espaço aberto em razão da confluência de fatores cujo vértice está no desgaste das instituições, dos partidos e das lideranças políticas em presença.
Mas fica a fama de herói da manipulação das redes sociais e do aplicativo WhatsApp — de fato, outro fator igualmente decisivo para confundir milhões de eleitores e vencer as eleições.
Como todo fenômeno político novo, logo ganha status de "modelo" a ser seguido, na esteira do imediatismo contumaz.
Mais: preparando-se para governar, o dito cujo mal concede entrevistas, pronuncia-se através de transmissões ao vivo pelo Facebook e pelo Twitter.
Demonstra, assim, confirmar a sua confessa admiração pelo presidente Trump, dos EUA, em quem diz se inspirar.
Então, Brasil e EUA, com toda a importância geopolítica dessas duas grandes nações, se vêem liderados por outsiders hábeis e espertos na exploração da oportunidade e na manipulação das consciências.
Tudo bem. Serão duas experiências que certamente ficarão na História como algo fora da curva e próprio de um instante de verdadeira crise civilizacional que assola a maior parte do Planeta.
Mas, para efeito imediato, essa moda pode pegar e em certa medida contaminar a prática política, pelo menos cá em terras tupiniquins, e o tão necessário contencioso de ideias, fator imprescindível à democracia, estará ofuscado pelo monólogo cibernético!
Quer saber o que pensa o presidente? Aguarde o próximo comunicado nas redes.
O governador pretende anunciar suas primeiras medidas? Acesse o Facebook.
O prefeito viajará a capital para tratar do programa de combate à estiagem? Veja no Twitter.
E assim por diante.
Ainda bem que a sociedade humana é muito mais complexa do que supõem os senhores manipuladores de algoritmos e a dita inteligência artificial, por mais eficiente que seja, jamais dará conta das necessidades, aspirações, sonhos e emoções de um povo.
Essa moda não pegará em definitivo, passará.
A luta social e política em seu leito real (tendo as chamadas redes sociais como componente acessório) seguirá adiante — abrindo veredas por onde a nação e o povo possam se afirmar.
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