Para além do quadro
de avisos
Luciano Siqueira
Sou favorável ao bom uso das ferramentas digitais de
comunicação, uso várias – além do WhatsApp e deste blog, tenho contas no Facebook,
Instagram, Twitter e mantenho o canal ‘Luciano Siqueira opina’ no YouTube. Apesar
das limitações impostas pelo sistema de algoritimos, com o qual a gente luta
permanentemente para evitarmos o aprisionamento na chamada bolha, me atrai a
possibilidade de me comunicar com milhares ao simples clique.
Mas me intrigam os grupos de WhatsApp.
Errado quem pensa que as redes se assemelham a um alto-falante,
em que algém se pronuncia e torce para que muitos escutem e apreendam pelo
menos parte do que foi dito.
Não são.
Implicam interação. Diálogo, troca de informações e de
opiniões.
De outra parte, essa interação tem a chance se dá
coletivamente e com bom proveito através dos grupos de WhatsApp.
Mas em geral assim não ocorre.
No WhatsApp os grupos se assemelham a um poluído quadro de
avisos onde cabe tudo – de notas políticas, informações úteis, opiniões
pontuais a piadas, vídeos supostamente engraçados (quase nunca são), mensagens
de autoajuda e que tais.
Alguém opina, por exemplo, sobre contradições no seio do
governo Bolsonaro e espera debater o tema, se frustra. As sete ou oito
postagens seguintes nada têm a ver com o tema.
E se o Santa Cruz tiver vencido o Sport, o mínimo que você
verá ser um leão desenhado vestido de noiva...
Por quê?
Não sei.
Daí prefiro a lista de transmissão, onde você escreve e se alguém
responde, o faz diretamente a você mesmo. E dificilmente o fará contando uma
anedota ou uma fofoca...
Tenho até uma mensagem pronta para explicar minha respeitosa
saída de grupos onde sou incluído, em geral sem consulta prévia. Explico o
porquê de não poder participar e deixo meu número para conato direto. Tem dado
certo.
Tal como a lenda da Babel, os grupos de WhatsApp não ajudam
a boa comunicação entre as pessoas. Pelo menos por enquanto.
A luta e o
afeto dão cor à vida https://bit.ly/3eQE5WQ
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