Um empate que ainda
favorece o adversário
Luciano Siqueira, no portal Vermelho www.vermelho.org.br
Bolsonaro não consegue satisfazer quase setenta por cento da
população (cálculo otimista com base nas últimas pesquisas), que tende a
engrossar o caldo oposicionista.
A oposição, assim constituída, se apoia nuns trinta por
cento da população que adota postura mais ativa (cálculo também aproximado).
Outros quase quarenta por cento dos insatisfeitos não gosta
do governo, mas ainda não enxerga alternativa. Sequer sabe o que a oposição
propõe.
Assim, o jogo segue empatado e nenhum dos oponentes consegue
fazer gols.
Errado.
Tudo bem que os dois times estejam na retranca, mas um deles
– o governo – é o dono da bola e, nem tanto à sorrelfa, abertamente faz gols
que contam para a sua agenda dita ultraliberal.
O novo marco do saneamento é um gol recente. O presidente o
sancionou ontem.
Esse é o drama.
Não basta empatar, é preciso impedir que o adversário use de
seus poderes institucionais para seguir jogando à sua maneira e conforme seus desígnios.
É aí que se mostra equivocada a tática de parte da oposição,
situada mais à esquerda, que imagina um governo derretendo gradativamente num ambiente
social e político que, mais dois anos e meio à frente, abrirá espaço para uma
nova vitória das forças populares, o PT à frente.
Muito esquemático para caber na realidade concreta – que é
mais dinâmica e terrivelmente contrária às necessidades e aspirações da maioria
da população e, de quebra, ainda corroi as salvaguardas da soberania nacional.
Mesmo sem o ritmo e a intensidade desejada, o governo
Bolsonaro segue fazendo seus estragos.
A parte mais consciente, digamos, da oposição, que se amplia
para além de partidos e já agrega segmentos diversos da sociedade, tem diante
de si, a tarefa imediata de conquistar o apoio dos mais de trinta por cento
insatisfeitos, porém semiparalisados.
Um movimento amplo, ativo e continuado de defesa do Estado
Democrático de Direito e de salvação nacional pode repor a bola em jogo e
passar à ofensiva.
Se tiver base de massas.
E essa base pode ser conquistada através de um Plano
Emergencial em defesa da vida, de socorro à população mais
empobrecida – mantendo a ajuda emergencial de R$ 600 – e da retomada da
economia nacional, apoiando as micro, pequenas e médias empresas, essenciais à
geração de empregos e realizando investimentos públicos em infraestrutura que
alavanquem as atividades industriais.
Em contraposição ao receituário de Bolsonaro-Guedes,
tais medidas haverão de ser sustentadas pelo Banco Central mediante a compra de
títulos do Tesouro.
Eis um bom mote para o debate e para impulsionar a
ampla frente oposicionista e alterar a correlação de forças.
Enfrentando
a tragédia nacional https://bit.ly/2CwMpND
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