23 agosto 2020

Duelo emblemático


PSG é muito inferior ao Bayern coletivamente, mas tem dois craques
Time francês tem de aproveitar chances que outros rivais desperdiçaram
Tostão, na Folha de S. Paulo


Bayern e PSG decidem o título europeu. Se Mbappé, após um passe de Neymar, receber a bola à frente, nas costas dos defensores adiantados do Bayern, como ocorreu nos primeiros minutos das vitórias do time alemão sobre Barcelona e Lyon, provavelmente Mbappé, com sua técnica e velocidade, poderá fazer o gol e mudar a história do jogo.
O Bayern de Munique, na prancheta, joga no 4-2-4 dos anos 1960, com quatro defensores, dois no meio-campo e quatro atacantes (dois pelo centro e dois pelas pontas). Os laterais e os armadores também avançam.
É uma avalanche sincronizada, com passes rápidos em direção ao gol.
O time, contra o alemão RB Leipzig, jogou com um trio no meio-campo, mais o argentino Di María pela direita, que avançava e voltava para marcar, formando uma linha de quatro no meio-campo, além de Neymar e Mbappé próximos um do outro e mais perto da área.
Independentemente do que acontecer, Neymar continuará sendo um jogador espetacular, e Lewandowski não deixará de ser o melhor centroavante do mundo na atualidade, mas longe de ser o melhor jogador do mundo, o que até poderá ocorrer, neste ano, pelo enorme número de gols marcados e se o Bayern for campeão.
Neymar ainda não ganhou o título de melhor do mundo, porque teve problemas de contusões em jogos decisivos da seleção e do PSG e porque atua na mesma época de Cristiano Ronaldo e de Lionel Messi. Neymar, De Bruyne e Mbappé são os maiores, fora o argentino Messi e o português Cristiano Ronaldo.
Ainda mais decisivos que a estratégia de jogo são os craques.
Existe uma adoração, um fetiche, pela tática, como se ela explicasse todas as atuações e todos os resultados. Alguns jovens comentaristas se acham um genial Rinus Michels, um Guardiola, um Klopp, um Tim, técnico brasileiro dos anos 1960.
O jogo é muito mais decidido no campo, pela lucidez, pelas escolhas e pela técnica dos jogadores, do que pela prancheta.
No Campeonato Brasileiro, a maioria das equipes desagrada não somente porque há muitos espaços entre os setores, pouca aproximação para trocar passes, pressão para recuperar a bola mais perto do outro gol e tantos outros detalhes táticos, mas, principalmente, porque o nível individual é fraco, pelo prestígio e pela história do futebol brasileiro.
De vez em quando, ocorre um brilhareco, todos aplaudem e, depois, tudo volta ao habitual.
São Paulo não tem jogado mal somente por causa do técnico Fernando Diniz. Falta mais qualidade individual na maioria das posições. Pato não tem nem nunca teve um grande talento, mas, sem ele, fica pior.
O mesmo ocorre com o Corinthians e com outros grandes times brasileiros, com exceção do Flamengo do ano passado, da inventividade do técnico argentino Jorge Sampaoli, que costuma dar certo, e dos momentos especiais do Grêmio.
O restante é parecido. Basta um time mais modesto melhorar um pouco para igualar ou superar os considerados mais fortes.
Até aonde vai chegar o Vasco? O Flamengo perdeu o encanto?
Provavelmente, o Flamengo é o time que mais sente falta do ambiente, do Maracanã lotado. Com o português Jorge Jesus, o time teria a mesma queda?
No futebol sem torcida, aumentou bastante o número de torcedores de pijama. Os mais pobres e os desempregados deveriam ter um auxílio emergencial da rica CBF, que ganha muito dinheiro com o futebol, para comprar o pay-per-view de seu time, a pipoca e a cervejinha no domingo, com moderação.
Um toque de leveza para viver bem https://bit.ly/2XgnENa

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