Sem
copiloto, por favor
Luciano Siqueira
Tenho o maior prazer em oferecer carona. E de seguir
conversando sobre a vida.
Mas tem um tipo quase insuportável: o que se põe na
condição de copiloto:
— Se cortar aquele cara ali você ganha tempo, pega
à esquerda e faz o contorno lá na frente.
(Errado!
Cortar invadindo a faixa contrária com esse
movimento todo é uma temeridade. Entrar à esquerda é proibido, aquela placa al
é clara. ÉE quem disse que tem um contorno algumas quadras à frente!?)
Sei o caminho mais do que ele, porém mantenho a
calma e simplesmente retruco:
— Gato pela dica, mas prefiro seguir pelo caminho
normal, com calma.
Também me irrita quando o autoproclamado copiloto
resolve me arguir sobre o carro:
— O motor é ponto 8?
— Por que?
— Consome mais, porém é mais potente.
— Não sabia.
— Devia saber. Tem que conhecer sua máquina, cara.
— Tenho interesse não.
— Nunca vi isso, sabe?
— Pois eu já vi. Eu mesmo...
— Um absurdo. O sujeito compra um carro e não se
interessa por esses detalhes!
— Pois é.
— Esse carro tem 3,94 metros de comprimento,
1,72 m de largura e 1,47 m de altura, com distância entre eixos de 2,53 metros,
sabia?
- Sabia não. Você tem
um carro desses?
- Não.
- Já dirigiu um
desses?
- Não, não sei guiar
carro.
(Cara de pau! Não
sabe dirigir, dá palpite em tudo e ainda me enche o saco com esses detalhes absolutamente
desprezíveis, pelo menos pra mim).
— É essa sua rua?
— É.
— Ótimo, chegamos.
— Sim é aqui. Quer entrar?
— Não, obrigado.
— Uma pena, poderíamos conversar mais sobre
carros...
— Fica para outro dia.
— Valeu!
Não sabe ele que jamais terá uma carona minha. Copiloto
pra quê? Nunca mais!
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