30 setembro 2020

Crônica da quarta-feira


Sem copiloto, por favor
Luciano Siqueira

Tenho o maior prazer em oferecer carona. E de seguir conversando sobre a vida.

Mas tem um tipo quase insuportável: o que se põe na condição de copiloto:

— Se cortar aquele cara ali você ganha tempo, pega à esquerda e faz o contorno lá na frente.

(Errado!

Cortar invadindo a faixa contrária com esse movimento todo é uma temeridade. Entrar à esquerda é proibido, aquela placa al é clara. ÉE quem disse que tem um contorno algumas quadras à frente!?)

Sei o caminho mais do que ele, porém mantenho a calma e simplesmente retruco:

— Gato pela dica, mas prefiro seguir pelo caminho normal, com calma.

Também me irrita quando o autoproclamado copiloto resolve me arguir sobre o carro:

— O motor é ponto 8?

— Por que?

— Consome mais, porém é mais potente.

— Não sabia.

— Devia saber. Tem que conhecer sua máquina, cara.

— Tenho interesse não.

— Nunca vi isso, sabe?

— Pois eu já vi. Eu mesmo...

— Um absurdo. O sujeito compra um carro e não se interessa por esses detalhes!

— Pois é.

— Esse carro tem  3,94 metros de comprimento, 1,72 m de largura e 1,47 m de altura, com distância entre eixos de 2,53 metros, sabia?

- Sabia não. Você tem um carro desses?

- Não.

- Já dirigiu um desses?

- Não, não sei guiar carro.

(Cara de pau! Não sabe dirigir, dá palpite em tudo e ainda me enche o saco com esses detalhes absolutamente desprezíveis, pelo menos pra mim).

— É essa sua rua?

— É.

— Ótimo, chegamos.

— Sim é aqui. Quer entrar?

— Não, obrigado.

— Uma pena, poderíamos conversar mais sobre carros...

— Fica para outro dia.

— Valeu!

Não sabe ele que jamais terá uma carona minha. Copiloto pra quê?  Nunca mais!

Alguns dicas de leitura https://bit.ly/310BQuN  

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