20 setembro 2020

Crônica do domingo


Por que explicar se é possível confundir?

Luciano Siqueira


Leio agora na Folha de S. Paulo que o húngaro Erno Rubik, criador do cubo mágico, lançou livro intencionalmente confuso sobre a sua invenção.

O próprio invento por si mesmo é “confuso” para simples mortais como eu, pois existem 43.252.003.274.489.856.000 maneiras de ordenar os quadrados, mas só uma dessas combinações é a correta – segundo cálculos matemáticos.

Segundo a reportagem, nas quase cinco décadas que transcorreram desde aquele dia, o Cubo Mágico se tornou um dos mais duradouros, intrigantes, enlouquecedores e absorventes quebra-cabeças que já foram criados. Mais de 350 milhões de cubos já foram vendidos em todo o mundo; se incluirmos derivados, o total é ainda maior.
Tudo bem.
E se outros inventores de coisas complexas também preferissem escrever livros confusos sobre seus inventos, daria para calcular as horas de embaraço e aflição de milhões de interessados?
E se cientistas como Albert Einstein seguissem caminho idêntico?
O fato que muita coisa se tenta explicar desde que nossos antepassados mais distantes descobriram o fogo e, posteriormente, a pólvora.
A Humanidade caminha no rastro de descobertas – e das necessárias explicações sobre o sentido de cada coisa, para que tenham alguma utilidade.
Daí já estarmos na Quarta Revolução Industrial, dita 4.0. e a relação do Homem com a Natureza se faz mais complexa e promissora, a depender do bom uso da ciência e da tecnologia.
A inovação é o fio condutor do progresso humano, dizem.
E da satisfação de necessidades básicas, materiais e espirituais.
Agora, cá com meus antiquados botões e minha eterna desconfiança, fico a pensar se não há uma conexão diabólica entre o dito inventor húngaro e a turma que aqui em nosso país tropical insiste em que a Terra é plana e amaldiçoa a ciência todo santo dia.

Pois quando se quer fazer as coisas na contramão da História, melhor confundir do que explicar.

Ou não?

Sempre bom ter dicas de leitura https://bit.ly/310BQuN

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