Até numa ilha
deserta?
Luciano Siqueira
Era um debate com jovens
adolescentes de uma escola privada no Recife. Antes de se iniciar, puxei
conversa com alguns dos que formariam o meu público – quase todos de smartphone
à mão.
Como consegui atrair a
atenção de um grupo mais próximo, animei-me a brincar com esse hábito meio
necessidade, meio vício, de olhar a tela do celular em qualquer circunstância:
- Se um de vocês se
tornasse náufrago numa ilha deserta, como se viraria sem o celular?
- Se fosse eu, estaria
com o celular, respondeu um galeguinho sarará com pinta de esperto.
- Com o estaria com o
celular, cara, se você teria chegado à ilha nadando?
- Teria guardado numa
bolsa de plástico por dentro do calção.
Evidente que ele queria
me levar na troça, tal a pergunta boba que fizera.
Mas aproveitei a deixa
para conversar mais sobre o assunto.
Na verdade, esse
aparelhinho faz tempo incorporou-se à mente e ao corpo de todo mundo. Sobretudo
para adolescentes e adultos jovens, que nele acham tudo o que desejam.
Uma garota que não
deixava de teclar enquanto participava da conversa asseverou:
- Se eu viajasse de
navio baixaria antes um aplicativo que me orientasse caso fosse parar numa ilha
assim!
Li na Superinteressante que
uma pesquisa feita pelo PRC (Pew Research Center), dos EUA, 54% dos
adolescentes entre 13 e 17 anos acham que passam tempo demais na telinha do
aparelho. Em média, a maioria das meninas alegou. As meninas disseram preferir
as redes sociais e os meninos os jogos.
Ao acordarem de manhã
cedo, checam notificações e mensagens e o primeiro gesto que 45% dos
adolescentes fazem assim que acordam, ainda na cama, é olhar a tela do celular.
Pesquisa semelhante
daria o mesmo resultado no Brasil, certamente.
Minha neta de apenas 7
anos acha muita coisa que deseja pesquisando com o dedo indicador sobre ícones
que identifica, feito o YouTube, onde localiza filmetes infantis.
Nem posso reclamar
muito, pois reconheço que com o aparelhinho à mão realizo muitas tarefas do
trabalho cotidiano. Meu computador de bolso.
Daí não recusar de todo
a ideia de proteger o meu iPhone numa bolsa de plástico para a hipótese de me
ver sozinho numa ilha ou na floresta...
Veja: Sem
a poesia a vida seria cinza https://bit.ly/2YxgGUL
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