Luciano Siqueira
Não a conheço, pegou meu número com um amigo comum, o
primeiro contato foi uma mensagem muito atenciosa pelo WhatsApp.
- ...por tudo isso eu lhe pergunto: qual a sua fórmula?
- Fórmula!?
- Sim, por que o senhor consegue ser sempre otimista?
Liguei para ouvi-la de viva voz.
E poder me explicar...
Na verdade, não há nenhuma tese nem justificativa “científica”.
O segredo, se é que podemos falar assim, está na minha militância.
Desde a adolescência descobri o fascínio da luta coletiva.
Depois, ao tentar compreender o mundo e a vida à luz da
teoria criada por Marx e Engels, me convenci da justeza da luta transformadora.
A Humanidade tem futuro, ainda que difícil e tortuosa seja a luta por um mundo de
liberdade e fartura.
Quem pensa assim, não perde a esperança jamais.
Mesmo nos momentos mais adversos.
Com Miguel Arraes, nosso ex-governador, tive a sorte de
conviver por vinte e quatro anos – do seu retorno do exílio à morte. Incontáveis
conversas sobre a luta comum imediata, a formação da sociedade brasileira, os
caminhos alternativos para que pudéssemos avançar.
Nunca lhe escondi meu entusiasmo. Em algumas situações, ele
repetiu, numa mescla de simpatia e camaradagem:
- Você é um otimista irrecuperável!
Amiga, todos nós nos deparamos com pequenas frustrações,
embaraços diversos e até alguma decepção ao longo da vida. Nada que prejudique,
entretanto, a percepção do conjunto da obra.
Há um futuro promissor, sim. E cada um de nós, dentro das
possibilidades pessoais, contribui colocando a sua pedra para a edificação
desse futuro.
No mais, uma boa música como pano de fundo, uma “loura”
supergelada ou uma lapadinha da melhor pinga, uma taça de um bom tinto ou a
companhia do velho amigo escocês – à preferência de cada um – completa o clima
de esperança e bom humor.
Não sei se a convenci. Mas é isso que penso. E sinto.
Viver em
quarentena é um desafio https://bit.ly/2Xm2lK5
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